Dona Lílian
"Que houve? O que aconteceu? A senhora está bem?"
"Comigo?!"
Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada. Blog melhor visualizado em resolução 1680x1050 pixels, em monitor SAMSUNG de 22 polegadas e sob efeito de psicotrópicos. O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.
A vida adulta é a antessala da morte.
E no meio tempo, como um gordo que lê revistas antigas na sala de espera da nutricionista, a gente tenta se entreter com alguma coisa. Inventamos nossos próprios joguetes que chamamos, bastante literalmente, de 'passatempos'. Por exemplo, contar o número de propagandas que fazem o gordo sofrer - sorvete, pannetone, trilha aventureira morro acima, etc.
Alguns passatempos são tão ambiciosos (ou tomam tanto tempo, ou custam tantos reais para comprar o material necessário) que chamamos de projetos.
Alguns destes projetos cumprimos, num fim de semana ou feriadão ou férias. Mas outros, por motivo quase sempre inventado, deixamos eternamente em estase, como o tal gordo prometendo que vai começar a ir na academia.
Tenho vários exemplos de coisas não botei em prática - um filme sobre um investigador resolvendo um crime com a ajuda da entidade Vovó Cambinda, no estilo Rubem Fonseca (mas mal escrito, claro); programar um joguinho de gnomos roubando cubos de açúcar; etc,.
Eu tive, por exemplo, o projeto de aproveitar o passeio diário com a Olívia (o Cachorro Raro(tm)) para juntar um lixo que encontro, aqui e ali, às vezes, no parque Guinle.
Não que o parque seja todo sujo - pelo contrário, mas a relativa falta de sujeira dá até mais vontade de juntar aquela guimba de cigarro mais perdida, ou aquele pedaço de sacola plástica desgarrado, perdido sobre um montinho de areia do parquinho das crianças como se fosse aquele gordo (aquele, da sala de espera) agora tornado beduíno, ou um extra no set auxiliar d'O Paciente Inglês ou outro filme de deserto que foi lançado na época em que a revista foi publicada.
E o tempo passa de qualquer maneira mesmo sem que a gente o passatemporize. Só dá tempo de inventar umas palavras que não existem e torcer pra que ninguém estranhe e procure no google.
Enfim, essa ideia de limpar o parque exemplifica o motivo pelo qual esses projetos não se concretizam: a gente fica inventando o motivo.
Neste caso estabeleci arbitrariamente que precisava do material correto - um pegador de lixo, uma haste com um botão que abre e fecha uma pinça, sabe? Como nunca comprei o tal pegador (óbvio) nunca juntei um mínimo pedaço de detrito no parque, exceto os produzidos ao vivo pela cachorra.
E o pouco lixo continua lá, como o gordo ainda esperando ser chamado para a consulta.
Muita coisa mudou desde que comecei a escrever esse blog - e poucas delas mudaram tanto quanto meu senso de humor. Mas não vou deletar nada. Vou deixar esses posts antigos aqui como monumentos, decadentes mas curiosos, que marcam qual era meu senso de humor em cada época.
Ainda assim, tem histórias que aconteceram há muito tempo e deixei de contar - então vou contar a anedota de antigamente com meu estilo de agora. Quem sabe o anacronismo estilístico traga alguma graça? Descobriremos juntos.
Há uns bons 15 anos eu era estagiário numa pequena agência de publicidade e recém pensava em estudar alguma outra coisa. Certamente nada envolvendo computação. Ao invés disso, por conta de terem me dito diversas vezes ao longo da adolescência que eu "escrevia bem" (o que eu e você, lendo isto, sabemos que era exagero) eu pensava em ser Poliglota, Intelectual. E me parecia que um jeito aceitável de ganhar um dinheiro era ser tradutor.
Um colega de faculdade era estagiário em algum órgão da Reitoria da universidade (sei lá, faz tempo, me dá um desconto) fazendo tradução. Ele ia viajar e precisava deixar o estágio por algum tempo. Porém, palavras dele - erodidas pelo tempo - "não queria largar". Era um bom negócio, dizia ele. Um dia por semana. Cento e cinquenta reais por mês. Uma combinação boa demais pra ser verdade (a Economia de estagiários de primeiro semestre de Publicidade pré-crise dos subprimes é diferente da atual).
Desenhou-se um plano: ele me indicaria ao cargo, que eu ocuparia enquanto ele estava fora, e eu o cederia novamente se, ou quando, retornasse. Eu ganhava a experiência em tradução e uma grana, ele ganhava a segurança de retornar ao seu cômodo paraíso.
Falei com meu então chefe, no meu próprio estágio, com o qual eu tinha assumido um arranjo flexível - ele me chamava quando precisava, eu trabalhava e era pago por turno. Ele não gostou muito de saber que não poderia contar comigo nas sextas-feiras, mas eu fui à entrevista do novo estágio assim mesmo.
Cheguei lá e não era entrevista - eu fui apresentado a todo mundo, aqui é o fichário, ali é o banheiro, esse é o café bom, esse é o dos estagiários, etc. Era certeza. Aí, no fim do tour, a minha guia (pretensa chefe? Acho que não cheguei a descobrir) me disse -
"Todo dia, no fim do turno, você assina ali a folha de presença".
Epa, espera aí, pensei. E falei alto, também, pois jovem o suficiente pra não saber ficar quieto. Eu pensei que o estágio era pra ser um dia por semana...? Não, é pra todos os dias, é claro. De onde foi que eu tirei a ideia de que era uma vez por semana?
Felizmente, apesar de jovem eu não era tão burro, então acho que me desculpei e saí de finininho sem delatar o óbvio crime continuado de meu comparsa, digo, colega. Mas não posso ter certeza. De qualquer forma, falhei na seleção de emprego mais fácil da história do Homo Sapiens gaúcho.
Noutro dia, voltando ao meu estágio normal, meu chefe me chamou e antes de eu poder confessar que tinha dado tudo errado (que certamente era minha intenção) ele me ofereceu um aumento. Foram esses poucos reais extras que eu investi em Bitcoin em 2009 e hoje me fazem o único brasileiro dono de uma ilha em cada oceano!
Mentira, gastei tudo em comida em almoços de R$4,50 no Café Cristal. E fui mais feliz do que qualquer bilionário que tem que ficar cuidando de ilha em tudo que é canto até hoje.
Um amigo adquiriu o hábito de chamar de "Burro!" cada amigo que comete um pequeno deslize.
Tudo muito divertido, enquanto aplicável aos companheiros de república com sentimentos de ferro (não, espera, péssima analogia - ih, já foi). Eis que pelo costume se perde as travas mentais e ele chegou a gritar com o chefe, quando esse fez qualquer coisa errada. Felizmente o chefe não ouviu direito, ou fez que não ouviu, ou é só burro mesmo.
Rubinho ficou mais famoso. Depois de ter sido proibido judicialmente de andar pelas galerias de Copacabana, e de ter sido liberado em tutela de urgência após protestos (com cartazes e tudo), finalmente foi oficialmente inocentado em decisão judicial.
Viva!
Que alívio. Sei que o que escrevi não influenciou em nada, mas me senti mal por ter dedurado a plaquinha do gato arisco com crianças. Afinal, toda a história aconteceu porque disseram que o Rubinho era um perigo. O único perigo era a gente nunca mais ir na galeria por causa do Rubinho.
Ainda descobri, com essa história toda, que o nome completo dele é Rubinho Correia.
Eu já tinha tomado banho e a Luíza gritou vai tomar banho. Não era xingamento, era ordem, porque agora a gente mora num apartamento que tem espaço pra zanzar, e eu zanzo às vezes enquanto ela tenta assistir Netflix. Aí ela manda eu ir tomar banho, lavar louça, levar o Shih Tzu no cromoterapeuta, etc. pra sair de perto.
Só que eu já tinha tomado banho e ela, enrolada no sofá com almofadas e uma coberta rosa, ainda não. Aí eu retruquei que ela que devia ir tomar banho, que rosa e enrolada ela parecia um Pigglypuff, uma mistura de Pig com Jigglypuff.
Aí ela ficou competitiva e começou a procurar um Pokémon pra transformar em Pig, mas não conhecia, de nome, nenhum. Recorreu à ajuda do concorrente: como é o nome daquele que era um ovinho? Aí eu falei: Togepi. Eu sabia que era fácil ela emendar um TogePig, mas pratico a guerra justa.
Só não lembrava que a Luíza além de não lembrar de Pokemón é terrível com trocadilho então tentou aplicar prontamente em aliteração: Pigpi.
Não tem nada demais, mas até hoje dou risada.
Outro gato de Copacabana é o Rubinho, fica numa loja de madeira, tinta, caixinhas, essas coisas. Fica lá, sentado no balcão. Já tinha ouvido falar (e muito) do Rubinho quando fui lá conferir e ele estava bem quieto, gordo e confiante. Na entrada da loja, tem uma placa 'cuidado - gato arisco com crianças'.
Aí uma menina que estava na fila de pagamento olhou pra ele. Ele olhou de volta, meio de lado, canto de olho. O dono da loja percebeu o interesse e esperou a pergunta, que ela fez mesmo: posso fazer carinho nele?
Olha..., disse, o Rubinho não gosta muito de criança, não. Ela considerou o risco de um arranhão por alguns segundos até o Rubinho dar uma daquelas chicotadas com o rabo que insinua perigo. Triste, pagou e saiu.
Ela tinha acabado de sair pela porta e o gato olhou pro dono, como que esperando. O dono sorriu e fez um carinho de leve entre as orelhas do gato. Até hoje lembro da cena e me dá a impressão de que eles têm algum tipo de acordo. Toda vez que o Rubinho não arranha uma criança ganha um carinho.
Preciso parar de contar sempre as mesmas histórias.
"Polícia joga livro de Cálculo e dispersa multidão na reitoria da USP", página 10.
Páginas 11 a 58: futebol.
"Durou mais do que a fortuna da família."
"Tudo que foi dito sobre ele é falso, incluindo esta frase. Adorava paradoxos."
"Aceitou seu lugar no mundo: um inconformado eterno."
"Veio ao mundo da mesma forma como, previsivelmente, saiu: sem dentes e chorando."
"Nasceu, cresceu, reproduziu e morreu, mais ou menos nessa ordem."
"Não mais incompetente que a média."
- Bem vindos à reunião semanal do Clube da Vingança. Antes de começarmos...
- Eu quero fazer um discurso!
- Não, agora não. Só depois da janta.
- Por que não?
- Porque é contra as regras do Clube. A essa altura você realmente já devia saber disso.
Todos riram. Humilhado, jurou destruí-los.
Anos depois, enquanto revelava a todos (no clímax dramático) que tinha sido, secretamente, um traidor e o responsável pela decadência do Clube, concordaram que se tratava de uma ótima exposição e o elegeram presidente em votação unânime entre os poucos sobreviventes.
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
na Internet
Encontrava-se no leito de morte o Grande Khan. Lá, deitado, invocou o seu direito ancestral de líder moribundo: ter todos os últimos desejos satisfeitos.
- Oi, eu estou ligando pra saber de um apartamento anunciado no site...
- Ah, esse não tá mais vago, não.
- Como assim? Eu nem disse qual -
- Esse também não.
- Ahn?
- Nenhum do site, senhor. Foram todos alugados. Tem um aqui que acabou de entrar e o menino não botou no site, fica na mesma área.
- Que área?
- Nessa área aí que o senhor quer.
- Tijuca?
- É. Mas é pior.
- Pior?
- O apartamento, é pior. Feio, com mofo. E é mais caro.
- É pior e mais caro?
- É. Só um momento - ih, menino, nem sabe. Foi alugado. Tem outro aqui, mas é ainda pior e mais caro.
- Poxa. É muito ruim?
- É. E não entregamos chave pra visita.
- Como assim?
- Pra visitar o apartamento tem que ser no dia marcado, o corretor vai estar lá mostrando pra umas vinte pessoas.
- Tem tantos interessados assim?
- Agora já são trinta. Até o dia devem ser duzentos.
- Que dia é a visita?
- Tem duas vezes por semana, das catorze até as quinze horas.
- Só no meio da tarde?
- É. Quarta ou sexta, o dia que ficar melhor pro senhor.
- Quarta...
- Então não tem mais quarta. Só sexta.
- Poxa. Não como fazer na primeira hora da manhã? Ou última da tarde?
- Tem, senhor, tem como fazer sim. Mas não vamos. O senhor tem fiador?
- Ah, é só com fiador? Não tem seguro-fiança? Depósito adiantado?
- Não, só fiador. O fiador tem que comprovar a renda sete vezes maior que o aluguel, ser casado, católico e possuir três ou mais imóveis no Rio de Janeiro.
- Nossa.. tá difícil, né?
- Se não quiser tem quem queira, senhor. Imagina na copa.
Um professor um dia me contou um causo, da época em que ele mesmo era aluno. Talvez eu mude alguns detalhes, não lembro com total clareza. Mas o grosso da história é esse mesmo, e parece que é verídica.
Meu professor, então aluno, fazia engenharia e - em meio aos Cálculos - decidiu que precisava adiantar umas matérias. Conversando com os veteranos descobriu que um certo professor, que ministraria duas disciplinas naquele semestre, tinha fama de passar todo mundo. Todo mundo mesmo.
Matriculou-se em ambas as matérias e, se bem lembro, foi na primeira aula da primeira delas. Ouviu do próprio professor: "não quer, não vem. Eu passo todo mundo". E decidiu que não queria, e não iria.
Esperava passar. Fim do semestre, chegam as notas. Passou, em uma. Na outra, rodou. Ficou indignado (tema para debate: com razão?). Foi à sala do tal professor e confrontou - "Como me rodou na matéria, se me disse que passava todo mundo?".
"Veja bem", respondeu o professor, "fui forçado. Várias pessoas nunca apareceram. Quem tinha alguma presença, passou. Perguntei aos alunos se conheciam os faltantes, todos os que eram conhecidos de alguém passaram. Quem nunca foi e não era conhecido por ninguém, tive que rodar".
O motivo no final das contas foi o seguinte: a reitoria estava de olho. Tinha que tomar cuidado a partir de agora. Aconteceu que no semestre anterior um aluno morreu ainda bem no começo da matéria e passou com oito.
Então era isso, agora não passava mais literalmente todo mundo, havia um critério. Precisava no mínimo dar sinal de vida.
- Quantos sabores na pizza grande?
- Até quatro. Aqui está o cardápio.
Discutimos ligeiramente sobre as opções e (estudantes em vida de república) escolhemos os sabores que implicam em maior quantidade de comida pelo mesmo preço. Só haviam três dignos de nota: calabresa, portuguesa e romana. Decidimos o seguinte:
- Queremos a pizza só com três sabores, metade calabresa, um quarto portuguesa e um quarto romana.
A atendente ficou momentaneamente confusa.
- Ahn... como?
- Em vez de quatro sabores, queremos portuguesa, romana e uma metade inteira calabresa.
- Não dá.
Estranhamos a resposta negativa absoluta.
- Como assim?
- Não dá, a pizza deve ter dois sabores ou quatro, não fazemos com três.
- Mas... - um de nós começa, já pretendendo argumentar, quando outro tem uma boa ideia e o interrompe.
- Calma. Ok, - diz para a atendente - então anota aí: calabresa.
- Calabreeeeesa... - repeta ela, vagarosamente, enquanto anota.
- Portuguesa.
- Portugueeeeesa... - ainda anotando.
- Calabresa. - o 'de novo' ficou implícito. Trocamos olhares silenciosos entre nós. Expectativa: ela vai perceber o plano?
- Calabreeeesa... - anota ela, alheia, e nosso encarregado completa o pedido.
- E romana.
- Romana. Ok. Podem aguardar, fica pronta em quinze minutos.
O cozinheiro deve ter estranhado a repetição de sabor, mas ordens são ordens: quando a pizza chegou, constatamos que os dois quartos calabresa não compunham uma metade contígua. Estavam dispostos opostamente.
Exatamente como pedimos.
Cena externa. Piscina. HOMEM gordo, meia idade, descansando. SECRETÁRIO aproxima-se com agenda nas mãos.
SECRETÁRIO: Senhor, vim lembrá-lo do compromisso às quatorze horas.
HOMEM: - visivelmente incomodado - Ai, saco. De que adianta ser investidor milionário se eu tenho que ficar me incomodando o tempo todo? O que é esse compromisso, é alguma reunião?
SECRETÁRIO: É um discurso de formatura para os universitários da...
HOMEM: - interrompendo - Ah, nem pensar. Chame o sósia. É pra isso que eu o contratei.
SECRETÁRIO: Como assim, senhor? O senhor é o sósia.
Câmera abre o plano, revelando um OUTRO HOMEM, idêntico ao primeiro, dormindo em uma cadeira de praia.
HOMEM: - confuso - É mesmo? Eu lembro distintamente de ser um investidor rico.
SECRETÁRIO: Não é o caso, senhor. Devo confirmar o compromisso?
HOMEM: Não, espera aí. Se eu sou o sósia, quem é aquele cara?
Câmera abre novamente o plano, revelando um TERCEIRO HOMEM, idêntico aos demais, vestido em traje social completo, segurando maleta.
TERCEIRO HOMEM: - entusiasmado - Estou pronto para o trabalho, senhor!
SECRETÁRIO: - para o TERCEIRO HOMEM - Quem é você?
TERCEIRO HOMEM: Sou o novo sósia.
SECRETÁRIO: Como assim? Quem lhe contratou?
TERCEIRO HOMEM: Ué, ele - apontando para OUTRO HOMEM.
OUTRO HOMEM: - acordando - ahn? Eu? Preciso ir a algum compromisso?
SECRETÁRIO: Não, senhor, o seu novo sósia se encarregará disso.
OUTRO HOMEM: - confuso - Como assim? Há um novo sósia? Fui demitido?
SECRETÁRIO: Demitido? O senhor é o sósia?
HOMEM: Espera, então eu realmente sou um investido rico?
SECRETÁRIO: - mais confuso - Você contratou esse homem? - referindo-se ao TERCEIRO HOMEM.
HOMEM: Acho que não.
SECRETÁRIO: Então você deve ser o sósia.
Câmera abre o plano, revelando um QUARTO HOMEM, idêntico aos demais, com aparência jovial, em trajes mais simples, segurando folhas de papel.
QUARTO HOMEM: É aqui que entrego o currículo para o cargo de sósia?
OUTRO HOMEM: Se parece muito comigo. Está contratado. Ele - aponta para HOMEM - vai acertar o detalhes.
SECRETÁRIO: Quem é esse homem? Quem o chamou aqui?
QUARTO HOMEM: Segundo o anúncio, sou um investido rico. - deitando em cadeira de praia.
TERCEIRO HOMEM: Eu sou um investidor rico.
OUTRO HOMEM: Eu sou tão rico que já estou dormindo. - vira para o lado e dorme.
SECRETÁRIO: - assolado - Eu não aguento mais esse emprego. Isso está acabando comigo.
HOMEM: Que é isso, homem. Acalme-se. Você não acabou de tirar férias? Eu não havia contratado um sósia para você?
Câmera abre para revelar um ÚLTIMO HOMEM, idêntico ao SECRETÁRIO, em uma cadeira de praia.
ÚLTIMO HOMEM: - acordando - Eu sou o secretário? Achei que eu era o investidor rico.
- Devo dizer que seu currículo é impressionante.
- Obrigado.
- Quero dizer, não apenas seu currículo. Suas referências são fantásticas. Bom demais para ser verdade.
- Obrigado. É verdade.
- Sei que é verdade, é só uma expressão, não me leve a mal. O que quero dizer é que você é o candidato perfeito, no momento exato em que precisamos. Aceita um café?
- Aceito, obrigado.
- Como eu ia dizendo, parece que você jamais comete erros. É o que precisamos. O momento é crítico, o menor erro pode levar o grupo ao chão. Precisamos de alguém perfeito, absolutamente infalível e...
- Hum.
- Desculpe, você colocou sal no próprio café?
- ... não.
- Mas... esse é o saleiro.
- Ah, sim, sal. Claro. Botei. Gosto, prefiro sal. - um longo gole.
- ... certo. Enfim, é meu prazer convidá-lo a juntar-se a nós como gerente de operações internacionais!
- Obrigado, obrigado. O prazer é meu.
Aperto de mãos.
Um malfeitor careca, de bigodes ou com algum traço físico repugnante qualquer treina um macaco, cachorro, porco, gato, golfinho, foca ou gambá para praticar crimes. O animal, no entanto, é de boa natureza e foge do dono depois de uma sequência de maus tratos, sendo então encontrado por uma criança pré-adolescente norte-americana que enfrenta problemas pessoais na escola, com o divórcio dos pais ou com a rejeição do irmão mais velho.
Longa viagem de carro. O motorista concentrado no trânsito na rodovia e a mulher, no carona, diz:
- O futebol, por sua origem.
- Quê?
- O futebol, por sua origem. Seis letras.
- Ah. Tem alguma já?
- A segunda é erre e termina com ão.
- Bretão.
- Como?
- Bre-tão.
- Ah... entendi.
Mas não entendeu. Acho que nem imaginava que o esporte é inglês e, portanto, vem da "Bretanha". Logo estava reclamando:
- Não tá fechando... aqui deveria ser um bê!
- Onde?
- Aqui na primeira, onde me mandou escrever "pretão"!
Depois de risadas e explicações, ficamos sabendo que ela achou que o futebol era um esporte pretão por causa dos muitos jogadores negros.
Barulho, na cozinha desocupada, da louça empilhada caindo por toda a pia. Na sala, ela me pergunta:
- Por que as coisas mal-ajeitadas caem só um tempo depois?
- Porque é assim que as coisas são, ué.
- Elas deslizam uma sobre as outras até cair?
- Sim, acho...
- Que saco! - visivelmente irritada - Bem que podiam cair na hora!
É, seria bem mais prático.
- Com licença, posso passar na sua frente?
- Óbvio.
- Obrigado, com licença.
- Óbvio que não. Olha seu carrinho, só tem cachaça.
- E daí? Quem bebe não pode ter pressa?
- Pode, mas eu também tenho.
- Só vou levar duas garrafas. Você tem pelo menos uns vinte pacotes aí, vai demorar muito mais pra passar no caixa, deixa eu ir na sua frente?
- Não, meu Doritos é mais importante que sua bebida.
- E se eu levar só uma garrafa, posso passar na frente?
- Nunca!
- Com licença, posso ajudá-los?
- Sim, esse bêbado quer passar na minha frente.
- Eu? Eu não sou bêbado.
- Senhor?
- Ele, sim!
- Eu não, mentira, eu só pedi educamente se ele me deixaria passar porque só tenho um item e ele tem uns trinta. Aqui não é a fila do caixa rápido?
- Senhor, realmente, o senhor excedeu o limite de quinze itens. Queira se retirar da fila, por favor.
- Nunca! Olha aqui, pega o resto, dez, doze, catorze... quinze. Pronto. Agora são só quinze no meu carrinho e os outros vão pra cestinha dele.
- Mas eu não quero comprar esse salgadinho...
- Senhor, não jogue os produtos nas cestas dos outros clientes. Saia da fila.
- Ninguém te perguntou se quer ou não quer!
- Acho que estou passando um pouco mal. Esse lugar está escuro ou é impressão minha?
- Senhor, vou ter que pedir para que o senhor se retire.
- Nunca!
- E mal ventilado. Preciso de um gole.
- Por favor, senhor, saia agora. Alô, segurança, situação na fila do caixa vinte e três.
- Não saio daqui sem meu Doritos! Como tudo antes de me jogar pra fora!
- Ô coisa boa, essa é das fortes!
- Os senhores não podem abrir os produtos na loja, por favor. Segurança!
- Ah, como eu adoro Doritos! Dá um gole?
- Troco por um salgadinho.
- ... e eu teria conseguido se não fossem esse cão robô e esses idosos intrometidos!