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7 de outubro de 2013

A arte de Refutar o Insulto

Estava eu, Doutor Von Barr, a expôr minhas colocações no simpósio sobre atividades de listagem do qual participei, exatamente no ponto do crítico de minha explanação - a história da listagem com caracteres romanos sans serif em corpo 12 ou menor, quando da necessidade de listar itens com marcação singular porém não exótica - quando um membro da platéia, indubitavelmente um perfeito filho da puta, disse, não tão baixo que não pudesse ser ouvido e não tão baixo a ponto de passar despercebido por transeuntes distantes até dez quarteirões dali:
- Filho da puta!

Ao que respondi, com toda a calma que se permite ao ver dirigido tamanho impropério a sua pessoa:

- Quê?

A sagacidade da minha resposta surtiu efeito e o meu interlocutor logo respondeu, um tanto quanto inesperadamente:

- Eu disse "filho da puta".

Para propósitos de simplificação do colóquio, coloco apenas o discurso que se trata, alternadamente, das minhas respostas que levaram ao desenvolvimento dessa nova ciência, arte, tecnologia ou moda previamente exposta:

- Pois, ora, se sou acho que não é bem minha culpa, certo?

- Você só fala merda.

- Creio que por meio da boa educação, respondendo a este insulto com toda a graça - neste momento agarrei meus proeminentes testículos0 e chacoalhei-os furiosamente - refuto sua afirmação.

- Você é um canalha.

A este passo ficava deveras nervoso, já de antemão tendo o conhecimento que meu
ennemi estava nessa por questão pessoal e o ar estava ficando rarefeito.

- E Vossa Senhoria não qualifica-se no mesmo dito grupo, intrometendo-se em minha precisa e já necessitada de expansão temporal explanação? Posso perguntar qual a razão da intromissão? - murmurei ainda "exceto vossa viadice aguda?".

- Você expõe idéias não provadas que vão contra minhas teorias, seu imbecil.

- Sim.

Aqui cabe um comentário: esta resposta cala qualquer um que, afirmando algo que é comprovadamente verdade, espera uma resposta discordante para conseguir refutar um argumento facilmente.

Meu interlocutor ficou sem ter o que dizer.

- Terminaste? - eu disse.

- ... vais me pagar caro!

- Obviamente, em respeito a vossa formação acadêmica, pagaria por vós mais do que o preço justo, o que caracterizaria qualquer valor positivo.

Toda a platéia me apladiu em pé e meu interlocutor desafiante foi jogado aos crocodilos, de modo que tive vitória plena e pude viver até os 80 anos para escrever tanto este texto como meu livro sobre a Listagem Moderna, entitulado pelo primeiro filho do segundo casamento do meu primeiro filho, "Amor, a Primeira Lista".