Tragédia
Os amigos almoçavam e conversavam - claro - sobre as tragédias da vida. Pra aguentar a sofreguidão e aridez do centro do Rio num dia semana, é preciso sempre se lembrar de quem é mais perdedor do que a gente. Ou que não estamos perdendo sozinhos, no mínimo.
Aí um deles conta a seguinte história: aquele nosso amigo foi com a namorada para a casa dos tios dela. Naqueles arranjos de última hora, ou sei lá, dormiram no sofá da sala. Sala bonita, chão de taco imperial que faz ambientalista chorar, sofá de camurça branca italiana, etc. No meio da noite, o amigo passa mal. Mas o sofá é apertado, não quer levantar e acordar a namorada (e quem sabe os anfitriões). Pode ser só um caso clássico de gases, né?
Não era. A tragédia - o sofá era branco, lembra? - aconteceu rápido e a namorada, pelo jeito já acostumada com esses acidentes do amado, foi acordada e em menos de vinte segundos já estava em modo de redução de danos. Com gente acordando pra cá, traz um pano de lá, alguém traz um remédio pro menino de acolá etc. o amigo dá um passo decidido em direção ao banheiro e o segundo ato da tragédia acontece ali, no meio da sala (o chão era de taco lindíssimo, lembra?).
Não era. A tragédia - o sofá era branco, lembra? - aconteceu rápido e a namorada, pelo jeito já acostumada com esses acidentes do amado, foi acordada e em menos de vinte segundos já estava em modo de redução de danos. Com gente acordando pra cá, traz um pano de lá, alguém traz um remédio pro menino de acolá etc. o amigo dá um passo decidido em direção ao banheiro e o segundo ato da tragédia acontece ali, no meio da sala (o chão era de taco lindíssimo, lembra?).
Depois de uma temporada do amigo no banheiro e uma movimentação de toda viva alma na casa para resolver os problemas mais imediatos, ficou tudo acertado: vão dormir aqui, vai tomar esse remédio, usa esse calção aqui que um primo deixou quando veio de férias e acabou esquecendo, etc.
E completou a tragédia em três atos estragando esse calção.
Aí, terminada a história, os amigos que almoçavam riram. Mas o que contou a história percebeu que o outro não riu tanto. Porque? Respondeu, compadecido: não posso rir, acontece muito comigo.
O primeiro duvidou. O segundo botou o pé na cadeira, arremangou a calça e - claro - estava sem a meia do pé direito.
O primeiro duvidou. O segundo botou o pé na cadeira, arremangou a calça e - claro - estava sem a meia do pé direito.