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Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada. Blog melhor visualizado em resolução 1680x1050 pixels, em monitor SAMSUNG de 22 polegadas e sob efeito de psicotrópicos. O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.

2 de maio de 2015

Seis graus de separação II

(2024-07-17 Só hoje, arrumando as postagens, percebi que escrevi esta história duas vezes. Re-titulei esta como a versão II. A versão I é de 2011, contemporânea aos fatos narrados. Este foi de memória)

Hoje o mundo é conectado e todo mundo já ouviu falar na teoria dos seis graus de separação. E quem não ouviu pode ir ali pesquisar no Google: se considerar um conhecido de um conhecido (seis vezes), você conhece todo mundo. Todo mundo mesmo, pode ser o Obama, um traficante de órgãos, um chinês cego e malabarista, por exemplo.

Quando morei na República da Sagrada Castidade morou com a gente um cara cuja situação era (ou era pra ser) passageira, de forma que dormia com ele a própria noiva. Ele procurou lugar pra morar por um tempo até combinar com a cunhada que eles, os três, dividiram um apartamento. Nos trâmites de procurar um apartamento maior, com os prazos de cá pra lá e de lá pra cá se cruzando, aconteceu que foi necessário a irmã da noiva dormir por uns meses lá na república, também.

No quarto compartilhado, dormíamos quatro (eram três camas e, variavelmente, de duas a cinco escovas de dente). No quarto individual, já dormiam ele e a noiva, de forma que a irmã da noiva se viu obrigada a dormir nos aposentos gerais. Só pra contextualizar, antes de adiantar que o namorado da irmã da noiva também se viu necessitado de dormir lá pelo mesmo período.

O leitor esperto já entendeu onde vamos chegar. O namorado da irmã da noiva do colega de apartamento tinha um irmão, que - claro - precisou ficar lá por uns tempos. Ele - claro - por uns dias precisou dar pouso a um amigo. A essa altura já não se sabia muito bem se existiam fronteiras de privacidade (muito antes do tal de Snowden confirmar), ainda mais quando o último elemento dessa cadeia toda teve o entrosamento de colocar música alta pra tocar na sala, depois de um dos moradores oficiais ter ido lá baixar o volume explicitamente. Como diz meu amigo que estava lá comigo na época: intimidade é uma coisa que o ser humano cria sob demanda.

Segundo a teoria dos seis graus de separação, o amigo do irmão do namorado da irmã da noiva do meu colega de apartamento poderia muito bem ter sido o Obama, um traficante de órgãos, ou um chinês cego e malabarista.