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Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada. Blog melhor visualizado em resolução 1680x1050 pixels, em monitor SAMSUNG de 22 polegadas e sob efeito de psicotrópicos. O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.

30 de abril de 2010

Não importa

Não importa que tipo de dia era, se chuvoso ou ensolarado, se quente ou frio, se bucólico ou heterossexual. Era um dia qualquer. E uma bizarrice aconteceu.

Um jovem casal andava pela rua, não importa a origem ou destino. O que importa é que, como tantos namorados mundo afora, este estava incomodando a namorada, mas incomodando por prazer. Imagine a namorada andando, meio incomodada com o fato de estar se incomodando com as ações do namorado que, ela sabe, são bestas e têm o único objetivo de incomodá-la. Deu pra imaginar?

Não importa exatamente como ele fazia isso, mas coisas que geram o resultado semelhante são: cutucar a namorada, imitar as amigas dela em situação embaraçosa, falar palavrões de modo que outros transeuntes escutem para envergonhá-la ou discursar sobre como as mulheres querem mais é que os homens morram todos (depois de terem aberto o último vidro de pepino e admitido que elas são melhores motoristas). O que importa é que ela estava incomodada o suficiante para verbalizar.

E ela fez isso batendo no braço dele (aquele soco de namorada que não quer admitir que está incomodada) e dizendo: "Seu torto!". Explico: torto é uma gíria local para um bestalhão, boboca, trapalhão ou imbecil. Mas, como veremos, também pode ser considerado um termo bem ofensivo.

O que aconteceu nesse caso específico foi que o namorado imediatamente parou de incomodá-la, ficou em silêncio, profundo e envergonhado. Todos que já passaram ou viram situação semelhante sabem que um namorado incomodativo não se aquieta com um soco feminino no braço, ele simples reclama "Ei, isso doeu!" e continua a fazer o que estava fazendo (incomodá-la).

Então, qual foi o motivo do silêncio pós-soco tão raro? Após alguns passos, ele explicou calmamente:
- Ei, olha só. Quando tu me bateu e gritou "seu torto", bem na hora passou por nós aquele senhor, deficiente físico.

Ela, conhecedora do humor questionável do namorado, não acreditou. Disse "Mentira.", e várias maneiras de xingar o namorado passaram por sua cabeça, mas não importa. Ele se adiantou e disse: "Olha lá atrás , então".

E ela olhou, e viu. E acreditou. Lá estava um senhor, deficiente físico, caminhando com suas dificuldades na direção contrária. Mas olhava pra eles, meio envergonhado, meio raivoso.

Compreensivelmente, ela ficou desolada. Que fora! Mas não importa o quanto ela tenha se sentido mal, o que se seguiu foi pior. Exclamou, em alto e bom tom, aquela interjeição comum: "Ah, não!" (implicitamente significando 'não acredito que fiz essa cagada'). Não importa o quanto tenha se sentido mal porque ela fez essa cagada, e fez pior.

No exato momento em que gritou "Ah, não", ainda meio virada pra trás, adivinha quem passava por eles? Um anão. Você pode não acreditar, mas não importa. Foi assim que aconteceu e é assim que vai entrar para a História.