De Baio a Lênin
Overdose de filhote de gato. Funciona assim: viajei para a casa dos primos e lá o Baio, gato filhote, caçou a fiação dos notebooks, baratas e os pés desatentos das pessoas. Insistia em subir na mesa quando jogávamos um jogo com centenas de pecinhas cuja delicada posição no tabuleiro é importante para a partida. Também gostou muito de guardar dentro do meu tênis uma das baratas que caçou, enquanto eu dormia só de meias no sofá. Parecia estar sob efeito de erva de gato o tempo todo. Bem, não todo, exatamente: quando montaram o narguilé e o pessoal baforou na cara dele algumas vinte vezes ele ficou mole e dormiu. É o mais parecido que se descobriu com um botão de desligar.
Aí viajo dez horas de ônibus pra encontrar outro gato, Lênin, acho que um pouco mais velho (um pouco maior, pelo menos) que o Baio. Mas tão hiperativo quanto. Atacou meus pés, subiu em cima de tudo que tentei ler e miou freneticamente até eu ir ver o que ele queria: estava comendo um objeto grudento não-identificado. Tirei dele e joguei fora, espero não ser nada valioso, e o miaredo começou (de novo) instantaneamente, com o gato parado do lado de um pote que deduzi ser o recipiente d'água. Enchi o tal pote e o gato prontamente enfiou o rosto na água, tirando de volta em seguida. Acho que tomou um susto, pois fez aquele barulho que os gatos fazem quando se intimam com algum outro bicho. Chacoalhou a cabeça e bebeu água normalmente. Entrou na minha mala e saiu 10 segundos depois, mas tenho a impressão de que vai estar faltando alguma coisa lá dentro quando eu for checar.
Vou sair agora e ver se consigo comprar um narguilé pra desligar esse também.