Edmundo
Conheci um cara chamado Edmundo, Edmundo Samoa. Um conquistador.
É mais velho do que eu, mas dizem que carrega a fama de passa-a-vara há muito tempo. Ele mesmo diz que é assim desde outros tempos:
- Sou assim já de outros tempos, peguei mulher na época do ele-pê.
Suas técnicas de sedução são eficientes e especializadas por classe social, grupo econômico, faixa etária e risco de encarceramento. Nem toda conquista de Edmundo é gloriosa; sei, de fato, que algumas foram gloriosas - ou teriam sido - na década de 80. Algumas são até controversas: Edmundo às vezes brinca que "as pessoas diziam que ela tinha idade para ser minha veterinária", rindo. E não se importa. Diz que uma conquista é uma conquista:
- Uma conquista é uma conquista. Até avó amigo tá valendo!
Um dia desses um gurizote o chamou de tio. O senhor Samoa, já não sendo mais um rapazinho, há muito tempo adapta e adequa aos novos tempos as práticas de antigamente. Nos últimos tempos, no entanto, enfrentou dificuldades. Cabisbaixo, confiou aos mais íntimos (pelo menos a mim) que era o seu fim:
- É, compadre. Acho que é o meu fim.
E era mesmo. Foi atropelado dois dias depois dessa conversa e nunca mais se recuperou da morte instantânea.