Minha opinião
Sou um bom argumentador, creio. Convenço as pessoas de algumas coisas bem imbecis, às vezes, só para treinar. Como quando convencia as pessoas de que era apto nos esportes (na verdade, eu me convenci de que convencia as pessoas, ninguém nunca caiu nessa).
- Aquela guria tá mijada ou é impressão minha?
Piadas vão e vêm, e não é que até eu me convenço de que pode ser verdade. Ou não? Já estava em dúvida. Estávamos bem no fundo do ônibus e, como havia colegas sentados mais perto da moça (doravante referida como "Ela"), telefonei para um deles.
- Alô.
- Alô, fala cara.
- Alô, cara, tô no mesmo ônibus, a gente tá aqui no fundo, me diz uma coisa, tu consegue ver pra nós se essa guria aí de pé atrás de vocês tá mijada? As calças dela parecem molhadas, sei lá.
Ele não conseguiu ver nada, me disse depois, pois 'Ela' estava de frente para ele.
- Não pode ser, ela não ficaria de pé, sentaria para esconder.
- Talvez seja tática de choque, ficou de pé exatamente pra nos convencer de que não é mijo.
No final das contas 'Ela' passou por nós quando desceu do ônibus, mas dos que conseguiram dar uma boa olhada (eu não era um deles), um achou que eram detalhes da calça ("Mas quem é que compra uma calça que faz parecer que está mijada?!") e o outro estava convencido de que "não sei se era mijo, mas que estava molhada, estava!". Assim, chegamos ao final da história, onde fica clara a necessidade de intervenção espaço-temporal, no sentido contra-natural, do presente para o passado, para que seja revelada a todos a solução deste mistério.
E é por isso que, sim, sou a favor da viagem no tempo.