Patrocínio
Trabalhando (ou praticando, já que não sou pago para fazer especificamente o que estava fazendo), ocorreu que deu vontade de ir ao banheiro. Usando o pior eufemismo já criado, "fazer o número dois", o que aliás é mascarar um ato fisiológico com numeração arbitrária como se isso fosse menos humilhante do que dizer "vou cagar".
Chegando lá, me coloco em posição e atuo (um eufemismo que não é tão trouxa). Estou lá atuando quando ouço aquelas conversas sobrepostas características de um grupo de amigos andando pelos corredores da faculdade. Depois de algum tempo, algumas vozes silenciam e eu sei que posso voltar ao que estava fazendo, porque só consigo atuar em paz (geralmente, só em casa).
Antes que prossiga a descrição da ação, cabe detalhar o ambiente. O banheiro em questão é daquele tipo onde há várias cabines separadas, cujas portas têm cada uma um espaço, embaixo, aberto, de uns 40 centímetros. Acho que é pra ventilar.
Enfim, voltando ao assunto: bem no meio de uma cena específica e particularmente trabalhosa (se é que você me entende), o susto: surge no meu campo de visão um par de tênis (vejo-os pelo buraco já mencionado) e então quase pulo com um murro fortíssimo dado na porta. Não lembro bem, mas provavelmente fiz som parecido com o de um ganso no momento do clímax sexual.
Assustadíssimo, levanto as pernas quando vejo um braço que alcança por debaixo da porta meu rolo de papel higiênico e o leva consigo. Durante todo o desenrolar, escuto um bom número de risadas de quem quer que fosse que estava fazendo aquilo comigo.
Ainda assustado e com a habitual boa educação, grito "puta que o pariu" a plenos pulmões e, torcendo pra não ter me perdido no script e espalhado a merda por todo o lugar, semi-levanto e abro uma fresta da porta.
Vejo um completo desconhecido com um sorriso de orelha a orelha e meu rolo de papel higiênico na mão. Ele me vê e murcha completamente, fica vermelho e exclama "Não é o Rudi!". As outras risadas, de pessoas que não vejo, silenciam por um milésimo de segundo e depois estouram, ficando ainda mais fortes. Escuto vários pares de pernas saindo correndo. O supreso desconhecido me alcança o papel e sai, mais envergonhado impossível.
Além de ganhar uma boa história para conversas de roda, aprendi uma atividade que pode se tornar um hobby: apavorar as pessoas no banheiro. Talvez mesmo uma profissão, porque já andei pensando até em patrocínio - vou lá, dou um susto, roubo o que conseguir pegar por debaixo da porta e ainda grito um slogan que, posso afirmar, a vítima nunca mais vai esquecer. É recall cem porcento.
Chegando lá, me coloco em posição e atuo (um eufemismo que não é tão trouxa). Estou lá atuando quando ouço aquelas conversas sobrepostas características de um grupo de amigos andando pelos corredores da faculdade. Depois de algum tempo, algumas vozes silenciam e eu sei que posso voltar ao que estava fazendo, porque só consigo atuar em paz (geralmente, só em casa).
Antes que prossiga a descrição da ação, cabe detalhar o ambiente. O banheiro em questão é daquele tipo onde há várias cabines separadas, cujas portas têm cada uma um espaço, embaixo, aberto, de uns 40 centímetros. Acho que é pra ventilar.
Enfim, voltando ao assunto: bem no meio de uma cena específica e particularmente trabalhosa (se é que você me entende), o susto: surge no meu campo de visão um par de tênis (vejo-os pelo buraco já mencionado) e então quase pulo com um murro fortíssimo dado na porta. Não lembro bem, mas provavelmente fiz som parecido com o de um ganso no momento do clímax sexual.
Assustadíssimo, levanto as pernas quando vejo um braço que alcança por debaixo da porta meu rolo de papel higiênico e o leva consigo. Durante todo o desenrolar, escuto um bom número de risadas de quem quer que fosse que estava fazendo aquilo comigo.
Ainda assustado e com a habitual boa educação, grito "puta que o pariu" a plenos pulmões e, torcendo pra não ter me perdido no script e espalhado a merda por todo o lugar, semi-levanto e abro uma fresta da porta.
Vejo um completo desconhecido com um sorriso de orelha a orelha e meu rolo de papel higiênico na mão. Ele me vê e murcha completamente, fica vermelho e exclama "Não é o Rudi!". As outras risadas, de pessoas que não vejo, silenciam por um milésimo de segundo e depois estouram, ficando ainda mais fortes. Escuto vários pares de pernas saindo correndo. O supreso desconhecido me alcança o papel e sai, mais envergonhado impossível.
Além de ganhar uma boa história para conversas de roda, aprendi uma atividade que pode se tornar um hobby: apavorar as pessoas no banheiro. Talvez mesmo uma profissão, porque já andei pensando até em patrocínio - vou lá, dou um susto, roubo o que conseguir pegar por debaixo da porta e ainda grito um slogan que, posso afirmar, a vítima nunca mais vai esquecer. É recall cem porcento.