Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada. Blog melhor visualizado em resolução 1680x1050 pixels, em monitor SAMSUNG de 22 polegadas e sob efeito de psicotrópicos. O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.

Entrevista de Estágio

Muita coisa mudou desde que comecei a escrever esse blog - e poucas delas mudaram tanto quanto meu senso de humor. Mas não vou deletar nada. Vou deixar esses posts antigos aqui como monumentos, decadentes mas curiosos, que marcam qual era meu senso de humor em cada época.

Ainda assim, tem histórias que aconteceram há muito tempo e deixei de contar - então vou contar a anedota de antigamente com meu estilo de agora. Quem sabe o anacronismo estilístico traga alguma graça? Descobriremos juntos.

Há uns bons 15 anos eu era estagiário numa pequena agência de publicidade e recém pensava em estudar alguma outra coisa. Certamente nada envolvendo computação. Ao invés disso, por conta de terem me dito diversas vezes ao longo da adolescência que eu "escrevia bem" (o que eu e você, lendo isto, sabemos que era exagero) eu pensava em ser Poliglota, Intelectual. E me parecia que um jeito aceitável de ganhar um dinheiro era ser tradutor.

Um colega de faculdade era estagiário em algum órgão da Reitoria da universidade (sei lá, faz tempo, me dá um desconto) fazendo tradução. Ele ia viajar e precisava deixar o estágio por algum tempo. Porém, palavras dele - erodidas pelo tempo - "não queria largar". Era um bom negócio, dizia ele. Um dia por semana. Cento e cinquenta reais por mês. Uma combinação boa demais pra ser verdade (a Economia de estagiários de primeiro semestre de Publicidade pré-crise dos subprimes é diferente da atual). 

Desenhou-se um plano: ele me indicaria ao cargo, que eu ocuparia enquanto ele estava fora, e eu o cederia novamente se, ou quando, retornasse. Eu ganhava a experiência em tradução e uma grana, ele ganhava a segurança de retornar ao seu cômodo paraíso.

Falei com meu então chefe, no meu próprio estágio, com o qual eu tinha assumido um arranjo flexível - ele me chamava quando precisava, eu trabalhava e era pago por turno. Ele não gostou muito de saber que não poderia contar comigo nas sextas-feiras, mas eu fui à entrevista do novo estágio assim mesmo.

Cheguei lá e não era entrevista - eu fui apresentado a todo mundo, aqui é o fichário, ali é o banheiro, esse é o café bom, esse é o dos estagiários, etc. Era certeza. Aí, no fim do tour, a minha guia (pretensa chefe? Acho que não cheguei a descobrir) me disse - 

"Todo dia, no fim do turno, você assina ali a folha de presença".

Epa, espera aí, pensei. E falei alto, também, pois jovem o suficiente pra não saber ficar quieto. Eu pensei que o estágio era pra ser um dia por semana...? Não, é pra todos os dias, é claro. De onde foi que eu tirei a ideia de que era uma vez por semana? 

Felizmente, apesar de jovem eu não era tão burro, então acho que me desculpei e saí de finininho sem delatar o óbvio crime continuado de meu comparsa, digo, colega.  Mas não posso ter certeza. De qualquer forma, falhei na seleção de emprego mais fácil da história do Homo Sapiens gaúcho.

Noutro dia, voltando ao meu estágio normal, meu chefe me chamou e antes de eu poder confessar que tinha dado tudo errado (que certamente era minha intenção) ele me ofereceu um aumento. Foram esses poucos reais extras que eu investi em Bitcoin em 2009 e hoje me fazem o único brasileiro dono de uma ilha em cada oceano!

Mentira, gastei tudo em comida em almoços de R$4,50 no Café Cristal. E fui mais feliz do que qualquer bilionário que tem que ficar cuidando de ilha em tudo que é canto até hoje.