Juro.
Sempre que leio algo sobre a dor, me pergunto se os bons escritores escrevem sobre esse assunto com alguma coisa doendo. Acho que vou passar a me machucar pra ler, é o mínimo que eu posso fazer pra apreciar a leitura e o esforço dos caras. Essa é a minha história sobre a dor.
Mancando feio, fui até o terminal, melhor caminhar agora que agüentar meia hora em pé no ônibus chacoalhante, e além do mais pra me segurar ia precisar erguer os braços e meu desodorante é uma merda e já estou fedendo. Vou mancar agora pra não sofrer depois.
Sento bem em frente à porta de entrada do ônibus, segunda parada ainda dentro da universidade entra uma amiga, senta, conversamos. Menciono o pé, e falo como foi que aconteceu, e digo que vem acontecendo bastante. Brinco que aconteceu isso com um amigo meu, que não é nada pra se preocupar, ele teve que amputar os quatro membros mas a operação é indolor.
Mais conversa, algum tempo depois, o pé vem à tona da conversa e ela diz: "não dá nada, só amputar e melhora". Mais conversa, ela passa à frente, passa a roleta, pra descer do ônibus. Ela não chegou à porta de saída ainda quando olho para o cara que estava sentado ao lado dela. Alemão, forte, camiseta branca e boné bege. Ele tem uma camiseta com um endereço de site: www.encontrodeamputados.com.br (e o site existe, pode crer).
Mancando feio, fui até o terminal, melhor caminhar agora que agüentar meia hora em pé no ônibus chacoalhante, e além do mais pra me segurar ia precisar erguer os braços e meu desodorante é uma merda e já estou fedendo. Vou mancar agora pra não sofrer depois.
Sento bem em frente à porta de entrada do ônibus, segunda parada ainda dentro da universidade entra uma amiga, senta, conversamos. Menciono o pé, e falo como foi que aconteceu, e digo que vem acontecendo bastante. Brinco que aconteceu isso com um amigo meu, que não é nada pra se preocupar, ele teve que amputar os quatro membros mas a operação é indolor.
Mais conversa, algum tempo depois, o pé vem à tona da conversa e ela diz: "não dá nada, só amputar e melhora". Mais conversa, ela passa à frente, passa a roleta, pra descer do ônibus. Ela não chegou à porta de saída ainda quando olho para o cara que estava sentado ao lado dela. Alemão, forte, camiseta branca e boné bege. Ele tem uma camiseta com um endereço de site: www.encontrodeamputados.com.br (e o site existe, pode crer).
Ah, não, o universo não faria uma sacanagem tão forte comigo. Não no mesmo dia que machuquei meu pé e ele dói tanto. O alemão levanta. Ele tem uma perna mecânica, é a esquerda, que estava fora de meu campo de visão (e da minha amiga) enquanto ele estava sentado. Me olha de canto de olho, com uma cara de brabo, deve achar que as duas vezes que falamos em amputar estávamos falando dele, como se alguém fosse escroto o suficiente pra brincar com isso nessa situação de propósito.
Essas coisas sempre acontecem com um amigo de um amigo, e não estou falando de tráfico, mas de lenda urbana. Hoje foi comigo. Merda.