Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada. Blog melhor visualizado em resolução 1680x1050 pixels, em monitor SAMSUNG de 22 polegadas e sob efeito de psicotrópicos. O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.

Raz

Essa aqui está em rascunho desde 12 de Abril de 2007. Eu sinceramente não sei do que se trata. Não lembro de ter escrito e nem de ter usado droga que explique como esse texto pode ter surgido.

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Raz era um belo garoto, apesar de feio. 

Aparentava ser mais um garoto normal. No entanto, alimentava certos vícios condenáveis, sendo o pior deles assistir a sitcoms. Num belo dia, decidiu parar com a rotina e entupir-se de ácido. 

Decidiu então, fazer uma visita a seu amigo de infância Johnny W, que na verdade chamava-se Johnny S. Johnny W, que mudara de nome por querer algo mais artístico, era uma pessoa muito reservada. Saia de casa poucas vezes, talvez porque raramente voltasse. Seus hábitos sociais faziam dele uma figura famosa na cidade, e todos conheciam o “episódio do lança-chamas”, no qual estivera envolvido de forma um tanto estranha: fornecendo o combustível. 

Raz acordou, estranho!, desse seu pensamento de visitar o amigo e viu que sua casa estava toda desarrumada. Pensa: Cadê? Quando! e Onde raios anda minha família?, saiu a procurar alguém, no meio de todas aquelas coisas - revistas, roupas, restos de comida, pedaços de computador, mais restos de comida, papel higiênico desenrolado e em rolos, panelas, lençóis, sapatos, fotos de garotos nus, utensílios de cozinha, fotos de garotas nuas, garotas nuas, telefone celular, meias, fitas de vídeo, um edição capa dura de HQ pornô estrelando Mickey, um aparelho de barbear, sacolas plásticas mau-cheirosas, sacolas plásticas com cheio normal, um coelho empalhado, pedaços de computador, o manual do escoteiro mirim, o manual do comunista soviético, o manual do escoteiro soviético, um eixo de guindaste em miniatura, um frasco de qualquer coisa, qualquer coisa e um espelho retrovisor de carro – alguém que pudesse lhe indicar a saída. 

Quando quase se lembrava do caminho até a porta, encontrou um bilhete, claramente escrito pela sua mãe: ‘Filho, estamos te abandonando. Tem comida na geladeira e contratamos uma empregada para vir e limpar a casa de vez em quando’. Ótimo, pensou, tem comida. ‘Então eram dessa tal empregada os restos humanos que encontrei embaixo da estante que caiu...’. Começou a ter memórias desagradáveis sobre roer pernas de móveis fazendo-os tombar, e decidiu continuar sua busca pela saída. Quando a encontrou. Estava trancada, e embora a chave estivesse na fechadura, demorou algum tempo até conseguir abrí-la. 

Raz não era exatamente inteligente, na verdade, era exatamente o contrário. Antes de conseguir abrir a porta, procurou por armadilhas e teve de estudar os diferentes padrões de giro da chave (para a esquerda e para a direita, e todas as variações de duas prum lado três pro outro). 

Ao conseguir abrir a porta, deu-se conta que algo estava errado. Afinal, não era exatamente a saída, mas a porta que dava para a escada que dava para o porão (pensou, mas a minha casa é deveras promíscua). 

Descendo as escadas, um degrau sim, outro rolando, Raz encontrou seu querido depósito de coquetéis. Molotov. Decidiu levar alguns consigo, para garantir a segurança. Hoje em dia, as coisas costumam ser mais violentas do que na minha infância, disse Raz para ninguém em particular. Que saudades da minha infância. Um canivete já era suficente! 

Subiu novamente a escada. Já estava mais consciente do que se passava e, portanto, conseguiu achar a saída facilmente. A porta de saída, no entanto, estava trancada e sem chave. Demorou alguns dias até encontrar a chave, no corpo da empregada – ele estava mais consciente do que acontecia, sim, mas continuava burro. 

Por fim, Raz chegou até a porta. 

- Alto lá – disse a porta. 

- Bem, nem tanto. Um e oitenta, acho – respondeu Raz. 

– Mas nem estou dizendo que você é alto. Estou mandando parar – respondeu a porta. 

- E quem você pensa que é – retrucou Raz – para me mandar parar? 

- Eu sou a porta, oras – valequatreou a porta. 

Nesse momento, Raz percebeu que isso era impossível (portas falantes não existem, e se existissem, teriam nome). Partiu para a rua. Abriu a porta. 

O sol queimou sua retina e ele finalmente morre. 

Raz colocou os óculos e então abriu a porta. A porta abriu. Com a porta aberta, Raz podia ver o que havia lá fora. Mas estava com os óculos de proteção. A porta continuava aberta. 

Resolveu tirar os óculos para ver o que havia lá fora e então morreu devido à queimaduras de segundo, terceiro e primeiro grau – não necessariamente nessa ordem – na retina. 

Raz percebeu que estava viajando. E que estava só parado de encontro ao espelho do banheiro. Limpou a cara (estava suja, não sabia do que, mas estava) e partiu – agora sim definitivamente – para fora de casa. 

Percebeu que a chave estava na fechadura. Era uma chave estranha, mas só podia ser uma chave. Raz girou então o botão do fogão elétrico e jurou ter escutado um samba. 

Claro, o fogão era pesado demais para Raz, chacoalhou a cabeça – seu método para ‘derrubar’ os pensamentos incoerentes -, afinal nem tinha atingido a maioridade. Ainda, pensou com um certo gostinho de vingança por vir. Agora, já estava ficando impaciente. 

A chave girava, mas a porta não abria. Meia hora disso com as janelas fechadas e resolveu apertar a campainha – e Prometeu desceu dos céus (céus?). No dia seguinte, Raz foi primeira página de todos os jornais. Se não capa, pelo menos nota no obituário. - junho de 2002, inspirado em uma tira de jornal. Porque eu não sou sério o suficiente pra escrever baseado em notícias.