tag:blogger.com,1999:blog-161050262024-03-06T02:31:30.704-03:00desculpe, não tenho talento.Nada dito aqui deve ser levado a sério. Deve ser levado ao forno por 30min. Não se sinta culpado ao não servir, eu também não sirvo pra nada.
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O blog é ruim e os posts mais novos não vão pro topo. O limite de caracteres nessa mensagem é 500, então sobrou espaço: vendo monza 83.Unknownnoreply@blogger.comBlogger83125tag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-51091480559146919782021-10-05T00:12:00.002-03:002021-10-05T00:12:42.801-03:00Entrevista de Estágio<p>Muita coisa mudou desde que comecei a escrever esse blog - e poucas delas mudaram tanto quanto meu senso de humor. Mas não vou deletar nada. Vou deixar esses posts antigos aqui como monumentos, decadentes mas curiosos, que marcam qual era meu senso de humor em cada época.</p><p>Ainda assim, tem histórias que aconteceram há muito tempo e deixei de contar - então vou contar a anedota de antigamente com meu estilo de agora. Quem sabe o anacronismo estilístico traga alguma graça? Descobriremos juntos.</p><p>Há uns bons 15 anos eu era estagiário numa pequena agência de publicidade e recém pensava em estudar alguma outra coisa. Certamente nada envolvendo computação. Ao invés disso, por conta de terem me dito diversas vezes ao longo da adolescência que eu "escrevia bem" (o que eu e você, lendo isto, sabemos que era exagero) eu pensava em ser Poliglota, Intelectual. E me parecia que um jeito aceitável de ganhar um dinheiro era ser tradutor.</p><p>Um colega de faculdade era estagiário em algum órgão da Reitoria da universidade (sei lá, faz tempo, me dá um desconto) fazendo tradução. Ele ia viajar e precisava deixar o estágio por algum tempo. Porém, palavras dele - erodidas pelo tempo - "não queria largar". Era um bom negócio, dizia ele. Um dia por semana. Cento e cinquenta reais por mês. Uma combinação boa demais pra ser verdade (a Economia de estagiários de primeiro semestre de Publicidade pré-crise dos subprimes é diferente da atual). </p><p>Desenhou-se um plano: ele me indicaria ao cargo, que eu ocuparia enquanto ele estava fora, e eu o cederia novamente se, ou quando, retornasse. Eu ganhava a experiência em tradução e uma grana, ele ganhava a segurança de retornar ao seu cômodo paraíso.</p><p>Falei com meu então chefe, no meu próprio estágio, com o qual eu tinha assumido um arranjo flexível - ele me chamava quando precisava, eu trabalhava e era pago por turno. Ele não gostou muito de saber que não poderia contar comigo nas sextas-feiras, mas eu fui à entrevista do novo estágio assim mesmo.</p><p>Cheguei lá e não era entrevista - eu fui apresentado a todo mundo, aqui é o fichário, ali é o banheiro, esse é o café bom, esse é o dos estagiários, etc. Era certeza. Aí, no fim do tour, a minha guia (pretensa chefe? Acho que não cheguei a descobrir) me disse - </p><p>"Todo dia, no fim do turno, você assina ali a folha de presença".</p><p>Epa, espera aí, pensei. E falei alto, também, pois jovem o suficiente pra não saber ficar quieto. Eu pensei que o estágio era pra ser um dia por semana...? Não, é pra todos os dias, é claro. De onde foi que eu tirei a ideia de que era uma vez por semana? </p><p>Felizmente, apesar de jovem eu não era tão burro, então acho que me desculpei e saí de finininho sem delatar o óbvio crime continuado de meu comparsa, digo, colega. Mas não posso ter certeza. De qualquer forma, falhei na seleção de emprego mais fácil da história do Homo Sapiens gaúcho.</p><p>Noutro dia, voltando ao meu estágio normal, meu chefe me chamou e antes de eu poder confessar que tinha dado tudo errado (que certamente era minha intenção) ele me ofereceu um aumento. Foram esses poucos reais extras que eu investi em Bitcoin em 2009 e hoje me fazem o único brasileiro dono de uma ilha em cada oceano!</p><p>Mentira, gastei tudo em comida em almoços de R$4,50 no Café Cristal. E fui mais feliz do que qualquer bilionário que tem que ficar cuidando de ilha em tudo que é canto até hoje.</p>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-27357607811937539082021-10-04T23:38:00.001-03:002023-03-24T23:05:28.390-03:00A Perseverança - ou Expectativa sobre o Espírito Humano<div>Boa poesia, como boas piadas, não precisa de explicação. Não sou um bom poeta. </div><div><br /></div><div>A Perseverança é o resultado do assombro que senti ao assistir ao pouso da sonda Perseverance em Marte, em menor parte, mas também de uma conversa que tive com um amigo - qual seria a reação do astronauta que, no futuro, primeiro a encontrasse lá, parada, morta, sua missão cumprida (espero), num canto perdido de Marte?</div><div><br /></div><div>Aproveitamos para imaginar o que sobraria do Espírito Humano que a lançou ao espaço naquele astronauta daqui a cem, mil, milhares de anos. A resposta que propomos é uma - você pode julgá-la lendo o poema abaixo.</div><div><br /></div><div>Esse poema foi escrito em uma métrica chamada "esqueci os tipos de métrica que só decorei pras aulas de Literatura na escola, mas parece que dá pra recitar em voz alta". Lá vai!</div><div><br /></div><div>A Perseverança</div><div><br /></div><div>De areia e pedra uma colina alta </div><div>é vista por um só instante <br />e pontuada, bem lá em cima, <br /> pelo capacete de um astronauta. <br />Ele enxerga, distante, <br />o contorno de uma obra-prima.<br /> Então anda (mesmo depois <br /> de quatrocentos milhões <br /> de quilômetros, mais dois)<br /> <br /> com pressa. E com esforço alcança, <br /> coberta de vermelha poeira <br /> que sua mão descobre <br /> e revela - a Perseverança.</div><div> E a mesma mão pausa <br /> num momento de paz inteira. <br />Contempla em silêncio esta instância <br /> do espírito humano, esta causa <br /> de assombro por ser tão nobre. <br /> Obrigado! Aos seus anteriores, <br /> que enfrentando gigantes rigores <br /> provaram ser ainda maiores. <br /> <br />Percorrida a trajetória <br /> o astronauta trabalha e desmonta <br /> aquele engenho de inteligência, <br />pois precisa, já fez a conta, <br /> mais das partes que de sua História. <br /> E o que constrói com o bocado <br /> desse símbolo da sua raça? <br /> Um habitat, uma arma, um telhado<br /> Para sua sobrevivência? <br /> Não - sua gente prefere que faça <br /> Nem barco, nem vela, nem leme, <br /> que navega, que conduz, ou transcende,<br /> mas uma boneca inflável que treme.<br /></div><div><br /></div><div>--</div><div><br /></div><div>(A trilha sonora fará mais da metade do trabalho na adaptação cinematógrafica).</div>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-42830726310564588942021-10-04T03:15:00.000-03:002021-10-05T00:18:19.283-03:00Poesia IV: Meus mIRC anos<div>Esta aqui está em draft desde 7 de Janeiro de 2015. O Eu começando um doutorado teve a intenção de um dia melhorá-la? Teve vergonha da qualidade poética? Teve bom gosto pra evitar postar mais uma paródia?</div><div><br /></div><div>Seja o que for, ele tinha algo que o Eu de hoje (Dr. Eu, por obséquio) aparentemente não tenho. Lá vai!</div><div><br /></div><div>--</div><div><br /></div><div>Meus mIRC anos</div><div><br /></div>Oh! que saudades que tenho<br />
Da Internet antiga,<br />
Da minha adolescência querida<br />
de só alguns anos atrás!<br />
Os bots, ops e aliases<br />
Naquelas noites mirqueiras<br />
Passávamos a noite inteira,<br />
Em mais de quinze canais!<br />
<br />
Como são belos os dias<br />
De, já com experiência<br />
Esperar com paciência<br />
A meia noite chegar com ardor;<br />
E monopolizar o telefone,<br />
N'aquela internet discada<br />
Tão lerda quando é usada<br />
Ainda mais quando sábado for!<br />
<br />
Que aurora? Que sol? Que vida?<br />
Noites de mirc em demasia<br />
Com o teclado aquela porcaria,<br />
Que sobrou depois de tanto teclar!<br />
Já com todas as vogais gastas,<br />
a barra pro espaço se ia<br />
(e o Shift criando teia)<br />
E o enter, saiu do lugar!<br />
<br />
Oh! Pessoas que eu não conhecia!<br />
E mesmo assim, como era<br />
Tão legal conversar com elas<br />
Até chegar a manhã!<br />
Ao contrário dos inaptos de agora,<br />
Trovamos com muita perícia<br />
e sem câmera, pura malícia<br />
dos amigos até a irmã!<br />
<br />
........<br />
<br />
Oh! que saudades que tenho<br />
Da internet antiga,<br />
Da minha adolescência querida<br />
de só alguns anos atrás!<br />
Que rox, que rules, que awesome,<br />
Naquelas noites mirqueiras<br />
Passávamos a noite inteira,<br />
Em mais de quinze canais!Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-75939410774078216072020-01-01T00:50:00.000-03:002022-07-23T21:48:02.769-03:00Raz<div style="text-align: justify;">Essa aqui está em rascunho desde 12 de Abril de 2007. Eu sinceramente não sei do que se trata. Não lembro de ter escrito e nem de ter usado droga que explique como esse texto pode ter surgido.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">---</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"> Raz era um belo garoto, apesar de feio. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Aparentava ser mais um garoto normal. No entanto, alimentava certos vícios condenáveis, sendo o pior deles assistir a sitcoms. Num belo dia, decidiu parar com a rotina e entupir-se de ácido. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Decidiu então, fazer uma visita a seu amigo de infância Johnny W, que na verdade chamava-se Johnny S. Johnny W, que mudara de nome por querer algo mais artístico, era uma pessoa muito reservada. Saia de casa poucas vezes, talvez porque raramente voltasse. Seus hábitos sociais faziam dele uma figura famosa na cidade, e todos conheciam o “episódio do lança-chamas”, no qual estivera envolvido de forma um tanto estranha: fornecendo o combustível. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Raz acordou, estranho!, desse seu pensamento de visitar o amigo e viu que sua casa estava toda desarrumada. Pensa: Cadê? Quando! e Onde raios anda minha família?, saiu a procurar alguém, no meio de todas aquelas coisas - revistas, roupas, restos de comida, pedaços de computador, mais restos de comida, papel higiênico desenrolado e em rolos, panelas, lençóis, sapatos, fotos de garotos nus, utensílios de cozinha, fotos de garotas nuas, garotas nuas, telefone celular, meias, fitas de vídeo, um edição capa dura de HQ pornô estrelando Mickey, um aparelho de barbear, sacolas plásticas mau-cheirosas, sacolas plásticas com cheio normal, um coelho empalhado, pedaços de computador, o manual do escoteiro mirim, o manual do comunista soviético, o manual do escoteiro soviético, um eixo de guindaste em miniatura, um frasco de qualquer coisa, qualquer coisa e um espelho retrovisor de carro – alguém que pudesse lhe indicar a saída. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quando quase se lembrava do caminho até a porta, encontrou um bilhete, claramente escrito pela sua mãe: ‘Filho, estamos te abandonando. Tem comida na geladeira e contratamos uma empregada para vir e limpar a casa de vez em quando’. Ótimo, pensou, tem comida.
‘Então eram dessa tal empregada os restos humanos que encontrei embaixo da estante que caiu...’. Começou a ter memórias desagradáveis sobre roer pernas de móveis fazendo-os tombar, e decidiu continuar sua busca pela saída. Quando a encontrou. Estava trancada, e embora a chave estivesse na fechadura, demorou algum tempo até conseguir abrí-la. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Raz não era exatamente inteligente, na verdade, era exatamente o contrário. Antes de conseguir abrir a porta, procurou por armadilhas e teve de estudar os diferentes padrões de giro da chave (para a esquerda e para a direita, e todas as variações de duas prum lado três pro outro). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ao conseguir abrir a porta, deu-se conta que algo estava errado. Afinal, não era exatamente a saída, mas a porta que dava para a escada que dava para o porão (pensou, mas a minha casa é deveras promíscua). </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Descendo as escadas, um degrau sim, outro rolando, Raz encontrou seu querido depósito de coquetéis. Molotov. Decidiu levar alguns consigo, para garantir a segurança. Hoje em dia, as coisas costumam ser mais violentas do que na minha infância, disse Raz para ninguém em particular. Que saudades da minha infância. Um canivete já era suficente! </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Subiu novamente a escada. Já estava mais consciente do que se passava e, portanto, conseguiu achar a saída facilmente. A porta de saída, no entanto, estava trancada e sem chave. Demorou alguns dias até encontrar a chave, no corpo da empregada – ele estava mais consciente do que acontecia, sim, mas continuava burro. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Por fim, Raz chegou até a porta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Alto lá – disse a porta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Bem, nem tanto. Um e oitenta, acho – respondeu Raz. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">– Mas nem estou dizendo que você é alto. Estou mandando parar – respondeu a porta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- E quem você pensa que é – retrucou Raz – para me mandar parar? </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- Eu sou a porta, oras – valequatreou a porta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nesse momento, Raz percebeu que isso era impossível (portas falantes não existem, e se existissem, teriam nome). Partiu para a rua.
Abriu a porta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O sol queimou sua retina e ele finalmente morre. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Raz colocou os óculos e então abriu a porta. A porta abriu. Com a porta aberta, Raz podia ver o que havia lá fora. Mas estava com os óculos de proteção. A porta continuava aberta. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Resolveu tirar os óculos para ver o que havia lá fora e então morreu devido à queimaduras de segundo, terceiro e primeiro grau – não necessariamente nessa ordem – na retina. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Raz percebeu que estava viajando. E que estava só parado de encontro ao espelho do banheiro. Limpou a cara (estava suja, não sabia do que, mas estava) e partiu – agora sim definitivamente – para fora de casa. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Percebeu que a chave estava na fechadura. Era uma chave estranha, mas só podia ser uma chave. Raz girou então o botão do fogão elétrico e jurou ter escutado um samba. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Claro, o fogão era pesado demais para Raz, chacoalhou a cabeça – seu método para ‘derrubar’ os pensamentos incoerentes -, afinal nem tinha atingido a maioridade. Ainda, pensou com um certo gostinho de vingança por vir.
Agora, já estava ficando impaciente. </div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A chave girava, mas a porta não abria. Meia hora disso com as janelas fechadas e resolveu apertar a campainha – e Prometeu desceu dos céus (céus?). No dia seguinte, Raz foi primeira página de todos os jornais. Se não capa, pelo menos nota no obituário.
- junho de 2002, inspirado em uma tira de jornal.
Porque eu não sou sério o suficiente pra escrever baseado em notícias.
</div>Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-86162393599721613482019-12-02T18:39:00.001-03:002019-12-02T18:51:38.104-03:00HábitoUm amigo adquiriu o hábito de chamar de "Burro!" cada amigo que comete um pequeno deslize.<br />
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Tudo muito divertido, enquanto aplicável aos companheiros de república com sentimentos de ferro (não, espera, péssima analogia - ih, já foi). Eis que pelo costume se perde as travas mentais e ele chegou a gritar com o chefe, quando esse fez qualquer coisa errada. Felizmente o chefe não ouviu direito, ou fez que não ouviu, ou é só burro mesmo.<br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-3519220925910890582019-12-02T18:37:00.001-03:002019-12-02T18:37:26.814-03:00Rubinho 2Rubinho ficou mais famoso. Depois de ter sido proibido judicialmente de andar pelas galerias de Copacabana, e de ter sido liberado em tutela de urgência após protestos (com cartazes e tudo), finalmente foi oficialmente inocentado em decisão judicial.<br />
<br />
Viva!<br /><br />Que alívio. Sei que o que escrevi não influenciou em nada, mas me senti mal por ter dedurado a plaquinha do gato arisco com crianças. Afinal, toda a história aconteceu porque disseram que o Rubinho era um perigo. O único perigo era a gente nunca mais ir na galeria por causa do Rubinho.<br />
<br />Ainda descobri, com essa história toda, que o nome completo dele é Rubinho Correia.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-52588395619381742492017-04-19T21:29:00.000-03:002017-04-19T21:33:09.122-03:00PigmonsEu já tinha tomado banho e a Luíza gritou vai tomar banho. Não era xingamento, era ordem, porque agora a gente mora num apartamento que tem espaço pra zanzar, e eu zanzo às vezes enquanto ela tenta assistir Netflix. Aí ela manda eu ir tomar banho, lavar louça, levar o Shih Tzu no cromoterapeuta, etc. pra sair de perto.<br />
<br />
Só que eu já tinha tomado banho e ela, enrolada no sofá com almofadas e uma coberta rosa, ainda não. Aí eu retruquei que ela que devia ir tomar banho, que rosa e enrolada ela parecia um Pigglypuff, uma mistura de Pig com Jigglypuff.<br />
<br />
Aí ela ficou competitiva e começou a procurar um Pokémon pra transformar em Pig, mas não conhecia, de nome, nenhum. Recorreu à ajuda do concorrente: como é o nome daquele que era um ovinho? Aí eu falei: Togepi. Eu sabia que era fácil ela emendar um TogePig, mas pratico a guerra justa.<br />
<br />
Só não lembrava que a Luíza além de não lembrar de Pokemón é terrível com trocadilho então tentou aplicar prontamente em aliteração: Pigpi. <br />
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Não tem nada demais, mas até hoje dou risada.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-33177208403540872012017-04-19T21:19:00.003-03:002017-04-19T21:34:02.146-03:00RubinhoOutro gato de Copacabana é o Rubinho, fica numa loja de madeira, tinta, caixinhas, essas coisas. Fica lá, sentado no balcão. Já tinha ouvido falar (e muito) do Rubinho quando fui lá conferir e ele estava bem quieto, gordo e confiante. Na entrada da loja, tem uma placa 'cuidado - gato arisco com crianças'. <br />
<br />
Aí uma menina que estava na fila de pagamento olhou pra ele. Ele olhou de volta, meio de lado, canto de olho. O dono da loja percebeu o interesse e esperou a pergunta, que ela fez mesmo: posso fazer carinho nele?<br />
<br />
Olha..., disse, o Rubinho não gosta muito de criança, não. Ela considerou o risco de um arranhão por alguns segundos até o Rubinho dar uma daquelas chicotadas com o rabo que insinua perigo. Triste, pagou e saiu.<br />
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Ela tinha acabado de sair pela porta e o gato olhou pro dono, como que esperando. O dono sorriu e fez um carinho de leve entre as orelhas do gato. Até hoje lembro da cena e me dá a impressão de que eles têm algum tipo de acordo. Toda vez que o Rubinho não arranha uma criança ganha um carinho. Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-16532139421383546602015-10-12T17:23:00.003-03:002019-12-02T18:49:03.347-03:00Tragédia<div>
Os amigos almoçavam e conversavam - claro - sobre as tragédias da vida. Pra aguentar a sofreguidão e aridez do centro do Rio num dia semana, é preciso sempre se lembrar de quem é mais perdedor do que a gente. Ou que não estamos perdendo sozinhos, no mínimo.</div>
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Aí um deles conta a seguinte história: aquele nosso amigo foi com a namorada para a casa dos tios dela. Naqueles arranjos de última hora, ou sei lá, dormiram no sofá da sala. Sala bonita, chão de taco imperial que faz ambientalista chorar, sofá de camurça branca italiana, etc. No meio da noite, o amigo passa mal. Mas o sofá é apertado, não quer levantar e acordar a namorada (e quem sabe os anfitriões). Pode ser só um caso clássico de gases, né?<br />
<br />
Não era. A tragédia - o sofá era branco, lembra? - aconteceu rápido e a namorada, pelo jeito já acostumada com esses acidentes do amado, foi acordada e em menos de vinte segundos já estava em modo de redução de danos. Com gente acordando pra cá, traz um pano de lá, alguém traz um remédio pro menino de acolá etc. o amigo dá um passo decidido em direção ao banheiro e o segundo ato da tragédia acontece ali, no meio da sala (o chão era de taco lindíssimo, lembra?).</div>
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Depois de uma temporada do amigo no banheiro e uma movimentação de toda viva alma na casa para resolver os problemas mais imediatos, ficou tudo acertado: vão dormir aqui, vai tomar esse remédio, usa esse calção aqui que um primo deixou quando veio de férias e acabou esquecendo, etc.</div>
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E completou a tragédia em três atos estragando esse calção.</div>
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Aí, terminada a história, os amigos que almoçavam riram. Mas o que contou a história percebeu que o outro não riu tanto. Porque? Respondeu, compadecido: não posso rir, acontece muito comigo.<br />
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O primeiro duvidou. O segundo botou o pé na cadeira, arremangou a calça e - claro - estava sem a meia do pé direito.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-29110955356842305662015-06-19T21:14:00.004-03:002015-06-19T21:14:59.088-03:00Sempre as mesmasPreciso parar de contar sempre as mesmas histórias. <div>
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Ninguém aguenta mais ouvir que a Luíza tem que fazer voltas em Copacabana porque não pode passar perto da Serzedelo Correia desde que saiu correndo sem pagar a dívida de aposta no dominó com os velhos da praça.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-37538307513154154982015-06-19T20:59:00.003-03:002015-06-19T21:20:38.153-03:00Protesto"Polícia joga livro de Cálculo e dispersa multidão na reitoria da USP", página 10.<br />
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Páginas 11 a 58: futebol.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-42306108757274348272015-04-14T23:24:00.001-03:002015-04-19T23:22:06.422-03:00Rio de Janeiro I<div style="text-align: justify;">
Há muitos anos vim pela primeira vez ao Rio de Janeiro. Não vim para morar, mas para um congresso, com diversos colegas de laboratório. Aconteceram tantas desgraças que antes de voltar já nos reunimos para compilar uma lista de forma a não caírem todas no esquecimento.<br />
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Eis, aqui, a lista, até agora inédita - por motivo: ninguém se importa. Mas recordar é viver.<br />
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2009<br />
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Vários dos artigos que submetemos foram rebaixados ou não aceitos. Normal. O chato foi ver as (algumas) besteiras que foram. Não é inveja do tipo "<span style="font-style: italic;">eu</span> poderia ter feito isso!", como quando se olha um quadro no museu. É indignação do tipo "eu não fiz isso porque é uma <span style="font-style: italic;">besteira completa</span>!", como quando se olha um quadro no museu que foi pintado por um macaco.<br />
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Tive que plastificar minha identidade para poder entrar no avião. Como tudo num aeroporto, custou 10% do PIB. Já no Rio, alguns de nós não foram ver as principais atrações do evento porque simplesmente não encontraram. Não que o local seja um labirinto, ou que seja muito grande, mas é que a sinalização existente só tem explicação se as pessoas que a colocaram lá secretamente filmam os turistas perdidos para vender as imagens para os programas de TV ruins do mundo.</div>
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Dois de nossos colegas foram para lá com o objetivo específico de conhecer possíveis orientadores de mestrado. Problema: um deles foi apresentado pelo apelido que recebeu no trote <span style="font-style: italic;">o tempo todo</span>. Algo nas linhas de "Esse é o Rosca, ele tá interessado em fazer mestrado contigo". Já o outro simplesmente não encontrou o orientador no evento.<br />
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Além de oportunidades, perdemos algumas coisas. No avião de ida, em restaurantes, no albergue, no evento, na rua, nos pontos turísticos, no avião de volta e num táxi, já de volta em Santa Maria. Entre as perdas: casaco de couro, celular, guarda-chuva, cartão de crédito, crachá do evento, fone de ouvido, cartão de memória da máquina fotográfica, aquela carteira de identidade plastificada em (suponho) plástico feito de ouro, e, por fim, as noções de higiene corporal. E não é para menos.</div>
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O quarto em que decidimos ficar, com três treliches, era menor do que o menor quarto que você já viu. Juro, tirei fotos e medições e tentei modelar o dito quarto em um programa de modelagem 3D e descobri que há algo de muito errado naquilo. Como cabemos, não sabemos.</div>
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Além disso, com os banheiros coletivos, alguns preferiram tomar banhos mais temporalmente espaçados. E espacialmente: um no Rio de Janeiro, outro só no Rio Grande do Sul. Como estávamos em oito, um nono hóspede foi destacado para a cama sobrante: um senhor muito parecido com o Gargamel, dos Smurfs. Esse é, óbvio, o título do livro autobiográfico que um dia escreverei: "Eu mais oito no Rio de Janeiro dormindo com o Gargamel".<br />
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O albergue, ou hostel, era legal. O problema foi escolher o menor quarto do universo. Outro problema foi que, na cozinha compartilhada, encontrou-se um brócolis ancião em uma panela esquecida. Carinhosamente, o Brócolis havia sido apelidado de Mumm-Rá.<br />
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Outro problema, que não destaco para não ser chamado de preconceituoso, foi o encontro de público gay que lá ocorreu durante nossa estadia. Uns vinte indivíduos dormindo no quarto ao lado do nosso, cuja parede que dava para o corredor era formada de tijolos de vidro translúcido. Esse foi o resumo da viagem para quem pediu a versão ultra-curta: teve um encontro gay no nosso albergue.</div>
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<br />
Uma bandeira de Israel e um relógio com o horário de Tel Aviv indicavam a origem israelita do hostel. Ora, tendo nosso querido companheiro judeu de laboratório viajando conosco, nos vimos privados de fazer as piadelas saudáveis que somos habituados a fazer no laboratório: "pede pizza de bacon com lombinho", "não quer deixar pra fazer sábado?". Qual é a graça de trazer o judeu junto nessas condições?<br />
<br />
Preocupados com as finanças, decidimos explorar a <span style="font-style: italic;">cuisine</span> exótica que não se encontra no interior do Rio Grande do Sul. A saber: estabelecimentos baratíssimos onde, imagine, não se vende ovo em conserva e sorvete seco com balão grudado no açúcar. No Rio de Janeiro, se alguém se interessa, o negócio é procurar a venda do Chinês mais próxima - e não se preocupe, haverá uma. Mas cuidado, pois o nosso Chinês próximo, por exemplo, não era muito bom no português: um colega pediu um pastel e recebeu, claro, um copo de açaí.<br />
<br />
Um fator importantíssimo que marcou toda a nossa estadia foi a chuva onipresente. Choveu durante todos os segundos de todos os minutos que ficamos lá. Incrível. Choveu tanto que o mais cético de nós construiria uma arca para colocar animais aos pares caso ouvisse vozes do além. Tomamos banho de chuva, compramos guarda-chuvas inflacionados dos camelôs do Rio (já mencionei que dentre as coisas que perdemos estava meu guarda-chuva?), ficamos com os tênis molhados o tempo todo...<br />
<br />
É claro que quando se faz uma viagem de férias o único dia de sol é aquele em que se vai embora. Mas fomos embora muito cedo da manhã, só deu tempo de saber que aquele era o dia em que acabava a chuva. Bônus: não chovia há muito tempo em nossa cidade e, quando chegamos aqui, na volta do Rio, a chuva começou instantaneamente. É o que dizem: o que acontece no Rio, fica no Rio. Exceto as DSTs, o histórico escolar, a ficha policial, as dívidas, a culpa na consciência e a chuva onipresente.<br />
<br />
Aqueles de nós que foram corajosos o suficiente para tentar ir na festa do evento sob chuva tórrida acabaram indo parar na festa errada. Não fui e só posso dizer que o resultado não deve ter sido satisfatório, para combinar com o resto da viagem.</div>
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<br /></div>
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O resultado da chuva foi devastador. Ficando a cinco quadras da praia de Copacabana, não colocamos o pé na areia. Pagamos uma soma exorbitante por um tour que resultou em não ver absolutamente nada no Cristo Redentor (por causa da Neblina) e descobrir que o sambódromo é uma falácia (é uma viela pequena e feia). Ainda no tour, nos separamos em dois grupos para visitar o Pão de Açúcar e um deles não conseguiu fazer a visita. Cinco colegas decidiram ir no último dia de manhã (que fez sol, lembram?), antes de pegar o avião e, pra isso, marcaram a visita bem cedinho. É óbvio, o guia chegou muito atrasado, quando eles já deviam estar indo para o aeroporto, e com um carro de quatro lugares para levar cinco pessoas. Até agora não sei como conseguiram pegar o avião. Suponho que tenham construído uma arca e negligenciado os pares de animais.<br />
<br />
Eu e um colega de laboratório tínhamos o avião marcado para a mesma manhã, mas mais cedo. Assim, decidimos fazer essa parte do tour na tarde anterior, com chuva e tudo. E sem guia. Pelo menos nós conseguimos fazer o passeio, o que nos leva a crer que a viagem não poderia ter sido pior se tivesse sido planejada para tal, já que nós dois, que fizemos o passeio pendurados numa caixinha de ferro e vidro muitos metros acima do mar, somos os únicos do grupo que tem medo de altura.<br />
<br />
Fomos nós com uma máquina fotográfica de um colega emprestada e lá, com os bilhetes na mão, pensei "vamos tirar as fotos aqui enquanto nossos rostos não estão contorcidos de medo". Prestes a entrar no bondinho, tentei tirar uma foto do colega. A máquina estava em modo vídeo.<br />
Botei para o modo foto e tirei uma foto dos meus pés, para ajustar o flash. A máquina estragou logo depois. Resultado da visita ao Pão de Açúcar: um vídeo da nuca do meu colega e uma foto, escura, dos meus pés. Sem contar que esse colega perdeu o ticket de embarque no bondinho e, se não fosse um gaúcho que trabalha num café no topo do morro que descia conosco, teria que descer pela escada.<br />
<br /></div>
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A melhor parte da viagem teria sido voltar pra casa, se não fosse meu companheiro de viagem me acordado a cada quinze minutos gritando 'o avião vai cair!', em vista do meu já mencionado problema de medo de altura. O companheiro em questão, claro, sendo meu orientador no laboratório.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-52262642316662834062014-04-02T21:01:00.002-03:002014-04-02T21:02:11.645-03:00Leão<div style="text-align: justify;">
Tem um gato que passa as noites numa loja, aqui em Copacabana. Fecha a loja, baixam uma grade (que tem uma tela de segurança pra proteger e impedir o gato de sair) e deixam o gato lá. Acostumei há muito tempo a passar por ali assoviando, pois o gato vem até a grade pra receber carinho. Uma noite dessas passou uma senhora, com sacolas de mercado e me disse 'o nome dele é Leão'. Não sei se ela sabia mesmo ou se só chutou, mas como o gato é amarelo assumi que era um nome razoável. Chamo ele de Leão até hoje.</div>
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<br /></div>
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-</div>
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<br /></div>
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Estava andando na rua a passos largos, sem pressa e só pelo costume de andar apressado, e ultrapassei um grupo de turistas. Eles conversavam entre si, gritavam, descontraídos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim que eu passei por eles estava em frente à loja do Leão. Parei, assoviei e lá veio ele, saltitante. Os gringos acharam o máximo. Não sei bem de onde vinham, mas expressaram surpresa em no mínimo umas doze línguas diferentes.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Depois de uns sessenta segundos de observação e suspiros por parte dos turistas, fizeram um daqueles momentos raros de silêncio de grupo. Bem nessa hora, virei e disse:</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- O nome dele é Leão.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E saí noite afora, deixando os turistas a mimosear o Leão, seguro de que pra sempre se lembrarão de mim em diversas partes do mundo como algum tipo de Mestre das Bestas de Copacabana.</div>
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<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-316680421965535242014-03-16T19:16:00.000-03:002015-01-07T21:54:08.901-02:00O clube da vingança- Bem vindos à reunião semanal do Clube da Vingança. Antes de começarmos...<br />
- Eu quero fazer um discurso!<br />
- Não, agora não. Só depois da janta.<br />
- Por que não?<br />
- Porque é contra as regras do Clube. A essa altura você realmente já devia saber disso.<br />
<br />
Todos riram. Humilhado, jurou destruí-los.<br />
<br />
Anos depois, enquanto revelava a todos (no clímax dramático) que tinha sido, secretamente, um traidor e o responsável pela decadência do Clube, concordaram que se tratava de uma ótima exposição e o elegeram presidente em votação unânime entre os poucos sobreviventes.<br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-73149591295417330982014-02-26T20:33:00.001-03:002014-04-11T03:16:02.680-03:00Poesia III: O eMORCEGOA Consciência Humana é este morcego!<br />
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra<br />
na InternetUnknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-30690580599453386402014-02-03T21:47:00.004-02:002014-04-20T17:40:12.004-03:00Mensageiro<div style="text-align: justify;">
Sentado na beira extrema do trono, o Imperador tamborilava os dedos na perna. A mensagem chegaria a qualquer momento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="text-align: justify;">Quando as portas do salão se abriram, o Imperador desceu tão rápido os degraus que elevavam o trono que quase tropeçou no próprio manto, o que com certeza significaria o fim abrupto do seu governo por motivo: pescoço quebrado.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entrando no salão, dois guardas imperiais carregavam, um de cada lado, um homem mais morto do que vivo. Um olho completamente fechado, coberto de sangue, alguns pedaços enegrecidos (talvez queimados?) e uma perna numa posição impossível.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
- Ele está vivo? - perguntou o Imperador, disparando na direção dos recém chegados enquanto todos os nobres, serviçais e outros presentes abriam passagem - Está morto? Relatou a mensagem a alguém!? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Não, majestade. Está vivo, mas ... - disse o guarda, interrompido pelos berros do Imperador : acordem este homem! </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O médico da corte foi chamado enquanto o Imperador já chacoalhava o mensageiro, como que tentando arrancar a mensagem à força. Gritava perguntas para o quase-morto: qual é a mensagem? A batalha foi vencida? Os bárbaros recuam? Meu filho está vivo?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O mensageiro por fim foi despertado (e só muito pouco) por uma combinação de tratamento médico, sentido de urgência e balde d'água. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O silêncio era absoluto. Do mais influente dos nobres ao mais humilde dos camponeses, o destino de todos dependia do conteúdo daquela mensagem. O médico aproximou o ouvido da boca do mensageiro, que sussurrou:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mensagem ao Imperador - tosse, sangue -, de seu filho, general e herdeiro...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Sim!? Sim!?</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Mas primeiro - mais tosse - uma palavra de nossos patrocinadores...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E morreu. E tudo que sobrou do Império, arrastado pra fora da História pela guerra, fome, praga e sofrimento humano, foi o sentimento de que nada de bom pode sair dessas propagandas obrigatórias no começo dos vídeos do YouTube.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-76106758837352959162013-10-15T16:22:00.003-03:002013-10-15T16:25:57.151-03:00O Grande KhanEncontrava-se no leito de morte o Grande Khan. Lá, deitado, invocou o seu direito ancestral de líder moribundo: ter todos os últimos desejos satisfeitos.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
- Pirueta.</div>
<div>
- Quê? - o conselheiro, com o ouvido quase colado à barba trançada do Grande Khan, queria saber se ouviu direito - Pode repetir?</div>
<div>
- Quero que façam uma graça qualquer. Não precisa ser uma pirueta.</div>
<div>
- Uma graça? Quem?</div>
<div>
- Qualquer graça, oras. Alguém faz, todo mundo, não me importa.<br />
<br /></div>
<div>
Ninguém questionou, é o direito do líder. Estranho, mas direito. Também fazia parte dos costumes ancestrais, afinal, que o líder deixasse toda sua herança para alguém próximo, na hora da sua morte. O que é uma graça por um império?<br />
<br />
Eis que uma verdadeira e literal horda de guerreiros realizou as mais diversas proezas artísticas e pitorescas buscando a aprovação derradeira do Grande Khan. Imitações, música, demonstrações de habilidade. Um dos filhos do Grande Khan, que também era seu general, capturou e decapitou setecentos inimigos. Um dos guerreiros demonstrou como se corta um cavalo ao meio. Outro, ateou fogo ao próprio corpo e, ainda em chamas, acertou uma flechada em uma águia em pleno voo.<br />
<br />
Então, depois de diversos dias agonizando entre risadas e aplausos, o Grande Khan morreu apontando como seu legítimo sucessor e herdeiro o primeiro que de fato fez uma pirueta.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-1157992232915746102013-10-07T00:20:00.000-03:002021-10-05T00:20:33.242-03:00A arte de Refutar o Insulto<div style="font-family: georgia; text-align: justify;">
<span style="font-size: 100%;">Estava eu, Doutor Von Barr, a expôr minhas colocações no simpósio sobre atividades de listagem do qual participei, exatamente no ponto do crítico de minha explanação - a história da listagem com caracteres romanos sans serif em corpo 12 ou menor, quando da necessidade de listar itens com marcação singular porém não exótica - quando um membro da platéia, indubitavelmente um perfeito filho da puta, disse, não tão baixo que não pudesse ser ouvido e não tão baixo a ponto de passar despercebido por transeuntes distantes até dez quarteirões dali:<br /></span><span style="font-size: 100%;">- Filho da puta!<br /><br />Ao que respondi, com toda a calma que se permite ao ver dirigido tamanho impropério a sua pessoa:<br /><br />- Quê?<br /><br />A sagacidade da minha resposta surtiu efeito e o meu interlocutor logo respondeu, um tanto quanto inesperadamente:<br /><br />- Eu disse "filho da puta".<br /><br />Para propósitos de simplificação do colóquio, coloco apenas o discurso que se trata, alternadamente, das minhas respostas que levaram ao desenvolvimento dessa nova ciência, arte, tecnologia ou moda previamente exposta:<br /><br />- Pois, ora, se sou acho que não é bem minha culpa, certo?<br /><br />- Você só fala merda.<br /><br />- Creio que por meio da boa educação, respondendo a este insulto com toda a graça - neste momento agarrei meus proeminentes testículos0 e chacoalhei-os furiosamente - refuto sua afirmação.<br /><br />- Você é um canalha.<br /><br />A este passo ficava deveras nervoso, já de antemão tendo o conhecimento que meu </span><span style="font-size: 100%; font-style: italic;">ennemi</span><span style="font-size: 100%;"> estava nessa por questão pessoal e o ar estava ficando rarefeito.<br /><br />- E Vossa Senhoria não qualifica-se no mesmo dito grupo, intrometendo-se em minha precisa e já necessitada de expansão temporal explanação? Posso perguntar qual a razão da intromissão? - murmurei ainda "exceto vossa viadice aguda?".<br /><br />- Você expõe idéias não provadas que vão contra minhas teorias, seu imbecil.<br /><br />- Sim.<br /><br />Aqui cabe um comentário: esta resposta cala qualquer um que, afirmando algo que é comprovadamente verdade, espera uma resposta discordante para conseguir refutar um argumento facilmente.<br /><br />Meu interlocutor ficou sem ter o que dizer.<br /><br />- Terminaste? - eu disse.<br /><br />- ... vais me pagar caro!<br /><br />- Obviamente, em respeito a vossa formação acadêmica, pagaria por vós mais do que o preço justo, o que caracterizaria qualquer valor positivo.<br /><br />Toda a platéia me apladiu em pé e meu interlocutor desafiante foi jogado aos crocodilos, de modo que tive vitória plena e pude viver até os 80 anos para escrever tanto este texto como meu livro sobre a Listagem Moderna, entitulado pelo primeiro filho do segundo casamento do meu primeiro filho, "Amor, a Primeira Lista".</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-2224093067016236862013-05-21T14:37:00.000-03:002013-05-21T14:42:05.854-03:00Alugando um apartamento no Rio de Janeiro- Oi, eu estou ligando pra saber de um apartamento anunciado no site...<br />
- Ah, esse não tá mais vago, não.<br />
- Como assim? Eu nem disse qual -<br />
- Esse também não.<br />
- Ahn?<br />
- Nenhum do site, senhor. Foram todos alugados. Tem um aqui que acabou de entrar e o menino não botou no site, fica na mesma área.<br />
- Que área?<br />
- Nessa área aí que o senhor quer.<br />
- Tijuca?<br />
- É. Mas é pior.<br />
- Pior?<br />
- O apartamento, é pior. Feio, com mofo. E é mais caro.<br />
- É pior e mais caro?<br />
- É. Só um momento - ih, menino, nem sabe. Foi alugado. Tem outro aqui, mas é ainda pior e mais caro.<br />
- Poxa. É muito ruim?<br />
- É. E não entregamos chave pra visita.<br />
- Como assim?<br />
- Pra visitar o apartamento tem que ser no dia marcado, o corretor vai estar lá mostrando pra umas vinte pessoas.<br />
- Tem tantos interessados assim?<br />
- Agora já são trinta. Até o dia devem ser duzentos.<br />
- Que dia é a visita?<br />
- Tem duas vezes por semana, das catorze até as quinze horas.<br />
- Só no meio da tarde?<br />
- É. Quarta ou sexta, o dia que ficar melhor pro senhor.<br />
- Quarta...<br />
- Então não tem mais quarta. Só sexta.<br />
- Poxa. Não como fazer na primeira hora da manhã? Ou última da tarde?<br />
- Tem, senhor, tem como fazer sim. Mas não vamos. O senhor tem fiador?<br />
- Ah, é só com fiador? Não tem seguro-fiança? Depósito adiantado?<br />
- Não, só fiador. O fiador tem que comprovar a renda sete vezes maior que o aluguel, ser casado, católico e possuir três ou mais imóveis no Rio de Janeiro.<br />
- Nossa.. tá difícil, né?<br />
- Se não quiser tem quem queira, senhor. Imagina na copa.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-84759618459066030972013-03-28T18:34:00.000-03:002013-04-01T17:42:44.786-03:00Sinal de vidaUm professor um dia me contou um causo, da época em que ele mesmo era aluno. Talvez eu mude alguns detalhes, não lembro com total clareza. Mas o grosso da história é esse mesmo, e parece que é verídica. <br />
<br />
Meu professor, então aluno, fazia engenharia e - em meio aos Cálculos - decidiu que precisava adiantar umas matérias. Conversando com os veteranos descobriu que um certo professor, que ministraria duas disciplinas naquele semestre, tinha fama de passar todo mundo. Todo mundo mesmo.<br />
<br />
Matriculou-se em ambas as matérias e, se bem lembro, foi na primeira aula da primeira delas. Ouviu do próprio professor: "não quer, não vem. Eu passo todo mundo". E decidiu que não queria, e não iria.<br />
<br />
Esperava passar. Fim do semestre, chegam as notas. Passou, em uma. Na outra, rodou. Ficou indignado (tema para debate: com razão?). Foi à sala do tal professor e confrontou - "Como me rodou na matéria, se me disse que passava todo mundo?".<br />
<br />
"Veja bem", respondeu o professor, "fui forçado. Várias pessoas nunca apareceram. Quem tinha alguma presença, passou. Perguntei aos alunos se conheciam os faltantes, todos os que eram conhecidos de alguém passaram. Quem nunca foi e não era conhecido por ninguém, tive que rodar".<br />
<br />
O motivo no final das contas foi o seguinte: a reitoria estava de olho. Tinha que tomar cuidado a partir de agora. Aconteceu que no semestre anterior um aluno morreu ainda bem no começo da matéria e passou com oito.<br />
<br />
Então era isso, agora não passava mais literalmente todo mundo, havia um critério. Precisava no mínimo dar sinal de vida.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-61388029040965313962013-03-14T17:34:00.002-03:002013-03-14T17:34:33.119-03:00Pedindo Pizza II- Quantos sabores na pizza grande?<br />
- Até quatro. Aqui está o cardápio.<br />
<br />
Discutimos ligeiramente sobre as opções e (estudantes em vida de república) escolhemos os sabores que implicam em maior quantidade de comida pelo mesmo preço. Só haviam três dignos de nota: calabresa, portuguesa e romana. Decidimos o seguinte:<br />
- Queremos a pizza só com três sabores, metade calabresa, um quarto portuguesa e um quarto romana.<br />
<br />
A atendente ficou momentaneamente confusa.<br />
- Ahn... como?<br />
- Em vez de quatro sabores, queremos portuguesa, romana e uma metade inteira calabresa.<br />
- Não dá.<br />
<br />
Estranhamos a resposta negativa absoluta.<br />
- Como assim?<br />
- Não dá, a pizza deve ter dois sabores ou quatro, não fazemos com três.<br />
- Mas... - um de nós começa, já pretendendo argumentar, quando outro tem uma boa ideia e o interrompe.<br />
- Calma. Ok, - diz para a atendente - então anota aí: calabresa.<br />
- Calabreeeeesa... - repeta ela, vagarosamente, enquanto anota.<br />
- Portuguesa.<br />
- Portugueeeeesa... - ainda anotando.<br />
- Calabresa. - o 'de novo' ficou implícito. Trocamos olhares silenciosos entre nós. Expectativa: ela vai perceber o plano?<br />
- Calabreeeesa... - anota ela, alheia, e nosso encarregado completa o pedido.<br />
- E romana.<br />
- Romana. Ok. Podem aguardar, fica pronta em quinze minutos.<br />
<br />
O cozinheiro deve ter estranhado a repetição de sabor, mas ordens são ordens: quando a pizza chegou, constatamos que os dois quartos calabresa não compunham uma metade contígua. Estavam dispostos opostamente.<br />
<br />Exatamente como pedimos.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-77338688794195865062013-01-25T18:11:00.002-02:002013-01-25T18:11:43.229-02:00SósiasCena externa. Piscina. HOMEM gordo, meia idade, descansando. SECRETÁRIO aproxima-se com agenda nas mãos.<br />
SECRETÁRIO: Senhor, vim lembrá-lo do compromisso às quatorze horas.<br />
HOMEM: - visivelmente incomodado - Ai, saco. De que adianta ser investidor milionário se eu tenho que ficar me incomodando o tempo todo? O que é esse compromisso, é alguma reunião?<br />
SECRETÁRIO: É um discurso de formatura para os universitários da...<br />
HOMEM: - interrompendo - Ah, nem pensar. Chame o sósia. É pra isso que eu o contratei.<br />
SECRETÁRIO: Como assim, senhor? O senhor é o sósia.<br />
<br />
Câmera abre o plano, revelando um OUTRO HOMEM, idêntico ao primeiro, dormindo em uma cadeira de praia.<br />
HOMEM: - confuso - É mesmo? Eu lembro distintamente de ser um investidor rico.<br />
SECRETÁRIO: Não é o caso, senhor. Devo confirmar o compromisso?<br />
HOMEM: Não, espera aí. Se eu sou o sósia, quem é aquele cara?<br />
<br />
Câmera abre novamente o plano, revelando um TERCEIRO HOMEM, idêntico aos demais, vestido em traje social completo, segurando maleta.<br />
TERCEIRO HOMEM: - entusiasmado - Estou pronto para o trabalho, senhor!<br />
SECRETÁRIO: - para o TERCEIRO HOMEM - Quem é você?<br />
TERCEIRO HOMEM: Sou o novo sósia.<br />
SECRETÁRIO: Como assim? Quem lhe contratou?<br />
TERCEIRO HOMEM: Ué, ele - apontando para OUTRO HOMEM.<br />
<br />
OUTRO HOMEM: - acordando - ahn? Eu? Preciso ir a algum compromisso?<br />
SECRETÁRIO: Não, senhor, o seu novo sósia se encarregará disso.<br />
OUTRO HOMEM: - confuso - Como assim? Há um novo sósia? Fui demitido?<br />
SECRETÁRIO: Demitido? O senhor é o sósia?<br />
HOMEM: Espera, então eu realmente sou um investido rico?<br />
SECRETÁRIO: - mais confuso - Você contratou esse homem? - referindo-se ao TERCEIRO HOMEM.<br />
HOMEM: Acho que não.<br />
SECRETÁRIO: Então você deve ser o sósia.<br />
<br />
Câmera abre o plano, revelando um QUARTO HOMEM, idêntico aos demais, com aparência jovial, em trajes mais simples, segurando folhas de papel.<br />
QUARTO HOMEM: É aqui que entrego o currículo para o cargo de sósia?<br />
OUTRO HOMEM: Se parece muito comigo. Está contratado. Ele - aponta para HOMEM - vai acertar o detalhes.<br />
SECRETÁRIO: Quem é esse homem? Quem o chamou aqui?<br />
QUARTO HOMEM: Segundo o anúncio, sou um investido rico. - deitando em cadeira de praia.<br />
TERCEIRO HOMEM: Eu sou um investidor rico.<br />
OUTRO HOMEM: Eu sou tão rico que já estou dormindo. - vira para o lado e dorme.<br />
SECRETÁRIO: - assolado - Eu não aguento mais esse emprego. Isso está acabando comigo.<br />
HOMEM: Que é isso, homem. Acalme-se. Você não acabou de tirar férias? Eu não havia contratado um sósia para você?<br />
<br />
Câmera abre para revelar um ÚLTIMO HOMEM, idêntico ao SECRETÁRIO, em uma cadeira de praia.<br />
ÚLTIMO HOMEM: - acordando - Eu sou o secretário? Achei que eu era o investidor rico.Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-1141683220170156112012-10-23T04:51:00.000-02:002012-10-24T09:54:36.980-02:00Mais d'O Mundo dos Negócios<div style="text-align: justify;">
- Ok, pessoal, o tempo acabou. Larguem as canetas. Larguem - Marcos, largue a caneta. Isso, vamos lá, passem os papéis pra cá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Recolhe todos os papéis. Os funcionários trocam olhares, tamborilam os dedos na mesa, forçam a língua contra o interior da bochecha. Muito nervosismo no ar.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
- Então vamos lá, vamos ver o que a equipe tem a dizer. E a primeira sugestão é... "von"- não, "vender", isso, acho que é "vender", que letra horrível! Não é a toa que os clientes tem reclamado de que não conseguem entender as ordens de compra emitidas. Deixe-me ver, "vender min-es"? "Menes"? Ah sim, "menos". Quê? - ajeita o óculos, traz o papel para mais perto do rosto - " Vender menos"? Quem foi que escreveu isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
-Ah, senhor, acho que o anonimato é parte do exercício, senhor. Quer dizer, acho que -</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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- Cale a boca, Marcos. Eu sei. Eu só quero saber quem é o gênio que acha que 'vender menos' é uma opinião válida de melhoramento para a produtividade da empresa. Se pelo menos estivessémos falando de lucro a frase faria sentido, apesar de ser exatamente o contrário do que a lógica indica como o óbvio!</div>
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<br /></div>
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- Ah, veja bem senhor, foram só alguns minutos pra escrever, talvez a frase fosse mais longa, não tenha dado tempo de -</div>
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<br /></div>
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- Marcos, calado! - a tensão na sala parece diminuir entre os demais empregados conforme Marcos se torna o centro das atenções do chefe, agora com suor na testa apesar do ar condicionado ligado no máximo - foram três minutos, acho que é tempo suficiente para acabar uma sentença de mais de três palavras!</div>
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<br /></div>
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- Desculpe, senhor. Tem razão, senhor. Eu só acho que muitos aqui não escrevem à mão há muito tempo, sabe como é, o computador -</div>
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<br /></div>
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- Chega, Marcos, chega. Vou fingir que não sei que foi você quem escreveu isso e vou lhe dar um chance - só uma chance! - de dar outra sugestão, agora, que melhore a produtividade da empresa. Vamos lá, trinta segundos. Vamos, estou contando, vinte e cinco, vinte e quatro, é bom que seja uma idéia útil, se não boto você no olho da rua! Vinte, dezenove -</div>
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<br /></div>
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- Caligrafia!</div>
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<br /></div>
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- ... o quê?</div>
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<br /></div>
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- Aulas de caligrafia para toda a equipe!</div>
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<br /></div>
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E foi assim que os clientes pararam de reclamar, a empresa resolveu o seu único problema de comunicação e Marcos foi continuamente promovido. Tornou-se presidente da empresa no final do mesmo ano apesar de ter furado a entrada na tal reunião, sendo apenas um office-boy de outra empresa sediada no mesmo prédio.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-7094585159238981372012-08-19T18:11:00.000-03:002012-08-20T12:08:35.531-03:00Entrevista II- Devo dizer que seu currículo é impressionante.<br />
- Obrigado.<br />
- Quero dizer, não apenas seu currículo. Suas referências são fantásticas. Bom demais para ser verdade.<br />
- Obrigado. É verdade.<br />
- Sei que é verdade, é só uma expressão, não me leve a mal. O que quero dizer é que você é o candidato perfeito, no momento exato em que precisamos. Aceita um café?<br />
- Aceito, obrigado.<br />
- Como eu ia dizendo, parece que você jamais comete erros. É o que precisamos. O momento é crítico, o menor erro pode levar o grupo ao chão. Precisamos de alguém perfeito, absolutamente infalível e...<br />
- Hum.<br />
- Desculpe, você colocou sal no próprio café?<br />
- ... não.<br />
- Mas... esse é o saleiro.<br />
- Ah, sim, sal. Claro. Botei. Gosto, prefiro sal. - um longo gole.<br />
- ... certo. Enfim, é meu prazer convidá-lo a juntar-se a nós como gerente de operações internacionais!<br />
- Obrigado, obrigado. O prazer é meu.<br />
Aperto de mãos.<br />
<br />
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Você está aí achando que isso ia dar em desgraça, mas a empresa prosperou como nunca. As ações subiram, os investidores lucraram, os empregados receberam generosos bônus e o capitalismo enfim resolveu o problema da pobreza no mundo. Não, brincadeira, duas semanas depois a empresa foi à falência e os sócios - quase todos - se suicidaram. Acontece que o tal candidato baixou um currículo da internet e era semi-analfabeto, conseguiu roubar muito pouco e fugiu para uma ilha deserta com um homossexual.</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-16105026.post-55425287313838521022012-08-14T17:25:00.005-03:002012-08-14T17:25:46.174-03:00Entrevista<div style="text-align: justify;">
Diz um amigo que um amigo de um amigo seu (portanto é um disse-que-disse) participou de entrevista de emprego. Ofereceram a ele as seguintes opções de 'pessoa que levaria para uma ilha deserta': um engenheiro, um médico, um padre e um homossexual (assim mesmo, sem profissão, a profissão dele é ser homossexual). Ele escolheu o médico, por motivos práticos, e não foi chamado pra trabalhar, por ser homofóbico.</div>
Unknownnoreply@blogger.com